sábado, 30 de outubro de 2010

Meus três desejos

Nesta vida ...
Pode-se aprender três coisas de uma criança:
Estar sempre alegre, nunca ficar inativo,
E... chorar com força ...
Por tudo aquilo que se quer.

Paulo Leminski

E o tempo passar...

"Estou como se ja tivesse alcançado o que eu queria
e continuasse a não saber que alcancei.
Será que foi essa coisa meio equívocada e esquiva
que chamam vagamente de "experiência"?

Clarice Lispector

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Encantos à beira-mar

Tarde nublada e quente. Um banquinho à beira-mar. Praia movimentada, mas vazia.
"Você quer ouvir?". Não, não era isso que queria dizer... Melhor perguntar se ela poderia falar.
Foram muitas palavras... Palavras que jorraram de sua boca, que pouco dizia. Em verdade, nada dizia, mas urrava em silêncio. Uma mistura de raiva ressentida com submissão não dita.
E sua história foi saindo... Foi cuspindo letrinhas frias e sem lágrimas, secas como seus olhos que brilhavam, mas não choravam, porque a vida havia lhe ensinado a ser forte e resistente.
Ou a ser calada e inconsequente.

- Para C.

Descontínuos

Não, não quero mais sonhar.
Não quero mais risos despropositados, sonhos mistificados.
Não quero a cor do céu, nem sua língua voraz.
Da pele que se vai, o sentimento que fica. O tom, o cheiro.
É vida borbulhante e descontínua. É som estridente que sai da boca de um anjo.
É raiva mascarada, sentimento desnudo. É grito sem tonalidade, imaginação sem espirais nem soluções.
Te esperava. Te esperava porque sempre esperei. Esperava porque não via outra solução. Simplesmente porque esperava.
E porque não voltará. Nem aqui, nem além do mar.

sábado, 2 de outubro de 2010

Porque sei que é silêncio...

Chorando. Foi assim que iniciou aquela carta. Mais uma para a coleção "Aquelas que jamais enviarei". Mas não era apenas mais uma carta de amor. Amor? Não, não... Tudo menos isso! Era de dor, desabafo, desamor. Nunca de amor, pois esta era das muitas histórias que queria esquecer. Manter-se longe dos romances, melados beijos indissociados de lágrimas compulsivas, que jamais lhe agradaram. Os outros sim, buscavam chorar, mas não ela que era uma garota forte e madura. Independente! Palavra bonita...
Depois dos sonhos perdidos na infância não se viu mais derramando lágrimas em vão. A mãe se fora cedo e a defesa manisfestava-se através do muro intransponível entre si e o resto do mundo.
Escrevera poemas para libertar a dor. Não que uma gartoa de 17 anos soubesse exatamente o significado da dor, mas chamava assim aquele aperto no peito, que sentia todas as vezes em que olhava os cadernos coloridos em verde, branco e preto, e que agora eram apenas letras. Letras escuras e sem som.