segunda-feira, 29 de abril de 2013

Levante, mas...

Um silêncio assim pesado/nos esmaga cada vez mais.

Para onde foi aquele ritmo?

Does he know

That I'm lyin' in the afterglow
That I'm lyin' but I can't go
Can't say no
Make him think he's crazy

- Pink, in Where did beat go?

domingo, 28 de abril de 2013

O dia em que ela disse adeus

Hoje eu gritei para o céu, só para você saber que todo mundo estava com você.
O dia foi tão cruel. O sol nasceu estranho, ninguém podia prever.

 - Charlie Brown, in Ninguém podia prever.

sábado, 27 de abril de 2013

Speaking about life


Do you even know who you are?
I guess I'm trying to find
A borrowed dream or a superstar?
I want to be a star
Is life good to you, or is it bad?
I can't tell anymore
Do you even know what you have?


Lying awake
Watching the sunlight
How the birds will sing
As I count the rings around my eyes
Constantly pushing
The world I know aside
I don't even feel the pain
I don't even want to try
I'm looking for a way to become
The person I dreamt up
When I was 16
Oh, nothing is ever enough
Ooh, baby it ain't enough
Or what it may seem

- Pink, in Lonely Girl.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Dúvidas

O que aconteceu é que ele vivia com sua mãe e ela queria que ele saísse de sua casa e para isso lhe dava muito mal de comer: ervilhas com água e um ovo duro para jantar. Ele ficou doente dos gânglios e sua mãe continuou sem lhe dar boa comida. Por isso ficou tuberculoso. Mas, depois, todas as culpas caíram sobre ele, porque quando disse a seu irmão o que fazia sua mãe, seu irmão não só acreditou como também o considerou um filho mal-agradecido por dizer essas coisas de sua mãe. Então, ele lhe contou como sua mãe havia maltratado o seu pai que estava no cárcere, até torná-lo louco, apesar do diretor da penitenciária ter dito que não lhe escrevesse cartas assim. Depois, acabou que o filho não sabia realmente se sua mãe era ou não culpada de sua enfermidade e da loucura de seu pai. E isto começou a lhe atormentar, porque dizia que nada estava claro e que o que havia pensado até aquele momento não era tão certo como se pensava...

 - Fernando Arrabal, in Fando e Lis.

Passagem ao ato

Quando atitudes se tornam hábitos, não é mais preciso um mediador para impulsionar uma relação. Sequer é preciso da concreta passagem ao ato. Muitas vezes a ideia está tão arraigada no fundo de nossas mentes que o próprio fato de pensar desencadeia o efeito de como se tudo houvesse sido friamente praticado, calculadamente efetivado. Mas não. Na verdade, só o resquício da ideia passou de leve como o vento na janela, de fininho, como orvalho em manhã de outono. E sem nem sequer nos darmos conta, desencadeou chuva de granizo.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Memória & institucionalização

Concordamos que comparar a vida em ILPI à vida em Auschwitz seja um caso extremo ou até mesmo exagerado, mas as situações relatadas por Conde (1994), Pollak (1989) e Agamben (2008) são similares, embora menos nefastas do ponto de vista histórico, sem minimizar as trágicas consequências do ponto de vista subjetivo: pessoas saem da rotina a que estão acostumadas para adentrarem em outra rotina (que pode ser a de fazer nada), conviverem com pessoas diferentes e desconhecidas, mas que estão no mesmo lugar por um motivo comum e em condição de submissão. Em ambos os casos, como se expressam? De acordo com exemplos dos campos de concentração nazistas apresentados por Pollak (1989) e Conde (1994), o silêncio pode vir no sentido de reorganização psíquica acerca das tensões vivenciadas, sentimento de culpa e ausência de escuta efetiva (POLLAK, 1989) ou, ainda, como forma de preservar a integridade pessoal diante de fatos devastadores (CONDE, 1994). Não falar, neste caso, pode ser uma forma de se preservar. Haveria algo gritando em meio a tanto silêncio? Acreditamos que sim. E é por isto que as contribuições da psicanálise para este viés nos fazem sentido. Sob as considerações de Mucida (2004; 2009) é que retomamos a atemporalidade do inconsciente psicanalítico, apontando que memórias não podem morrer porque se entrelaçam em tempos passados, presentes e futuros, para constituírem aquilo que cada um de nós chama de eu. Interpretar este eu é pensar (e falar, narrar, contar) sobre si, pois somente desta forma somos capazes de significar nossas próprias existências. Como romper? Como favorecer qualidade de vida diante de amarras sociais que se transpõem diante de existências tão ricas e peculiares? Em que medida, em que circunstâncias, o movimento interno provocado pelo silêncio representa vida para moradores de longos anos em instituições? Não podemos afirmar respostas, mas o próprio movimento de pensar – em silêncio – mobiliza para inúmeras possibilidades de intervenções.
Meu querido Skinner que me perdoe, mas Freud foi brilhante ao nos permitir formular isso! :)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Crime e castigo

Às vezes sinto necessidade de me pedir perdão, como se meu ‘eu’ interior não merecesse o que apronto com ele. Mas ele me faz sentir o que não quero por quem não devo. Aí vou me lembrando do quanto meu ‘eu’ me faz mal. Então me sinto bem em me magoar, só pra me vingar de mim mesma!
 - Leylanne Alencar

domingo, 21 de abril de 2013

Dizendo adeus...


A cidade, no domingo, as 8h da manhã, é um deserto. Um deserto gelado e coberto de névoa em uma típica manhã de outono. Pelas ruas apenas os cachorros, dormem encolhidos e próximos ao meio-fio. Sequer se assustam com meus passos apressados e minha respiração ofegante por conta de um cooper matinal no ar rarefeito de abril. A grama invade calçadas em ruas pouco habitadas, ou seria o asfalto, cruel e gelado, adentrando os pequenos muros de divisão da modernidade e o inveterado passado? O assobio do trem, as 9h da manhã... Corre, corre... Descarrega e carrega caixas empilhadas. Não mais os antigos moradores, não mais os trabalhadores ferroviários, não mais mãos balançando um adeus, não mais o passado. Porque o passado ficou no passado e, assim como eu, foi se despedindo da antiga cidade. Pois que vou me despedindo... Talvez nunca a tenha habitado verdadeiramente, mas sem dúvidas me habituei a ela. Terra gelada e aconchegante. Vento cortante e envolvente. Noites silenciosas e insones. Tantos e tantos contrastes englobados em um único substantivo próprio: Irati.


sábado, 13 de abril de 2013

Então vai, menina!

Vai menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, só existe pra quem quer. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E só.

— Caio Fernando Abreu

Socos da vida

"A vida tem batido na gente", não é?! É.... É sim, eu acho que tem. E, às vezes, tem batido muito feio. Às vezes, tem nos dado murro atrás de murro, sem dar muito tempo para levantar. Muitas vezes também ela tem nos feito ficar no chão, chorando pela surra, sem permitir que revidemos, que reclamemos. Às vezes, ela tem, mesmo, nos mandado ficar quietos e aguentar calados a potência de seu braço e a intensidade de sua raiva. Outras vezes, tem nos oferecido paninhos quentes, sem contar que o próximo soco viria logo em seguida, quando nos sentíssemos um pouquinho melhor e suportássemos uma nova queda, que sempre viria. É sim... Ela tem nos cobrado cada centavo e, a duras penas, temos nos conformado.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tired of being a fighter

Há dias em que as coisas estão tão bagunçadas que fica difícil de saber o que é mais difícil de organizar... O quarto, o cabelo ou a vida. Um dia desses em que dá vontade de gastar o dinheiro para a semana toda em um big prato de doce no buffet da panificadora. É tanta tristeza, tanta coisa boba fazendo pressão para que as coisas tentem ficar com um pouquinho mais de cor. Olhar as fotografias e ter vontade de rasgar, lembrando que já fomos mais felizes um dia. E então se perguntar por que tudo tomou a forma que tomou?! Como deixamos as coisas ficarem como ficaram?! Há um erro da parte de alguém? O que eu poderia ter feito de melhor? Para ter sido melhor? E se eu prometer ser boazinha? Como eu faço para sorrir, se imploro para ficar fora de todo esse caos?! "Let me be lighter, tired of being a fighter", qualquer coisa que me faça sorrir... Sorrindo pelas estrelas, pela poeira cósmica que pertence a este minúsculo espaço de vida que chamamos de ser.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sobre o fim dos tempos

Este mundo não vai acabar por causa de bomba atômica, como dizem os jornais. Vai acabar, sim, de tanta risada, de tanta banalidade, por essa mania de fazer piada com tudo e, além do mais, piadas ruins.

domingo, 7 de abril de 2013

Som no parque. Só, no parque

Começo uma nova história, junto com as folhas secas, triangulares e caídas das árvores secas do parque. História fugindo de dentro de uma folha seca, seca como um pássaro com frio intocado no ninho. Canto congelado. Na beira do lago.

Flores no asfalto

Enquanto o tempo vai passando, vamos nós semeando sementes de esperança. Do outro lado da rua, no outro lado da esquina, bem alí, do outro lado da vida. Vamos semeando e contando contos de fadas sob as luzes artificiais de uma noite em rua bem iluminada. Nada de som, nada de esperança. A vida é um fio e nada mais, uma tênue linha dourada de ponta a ponta esticada. Obriga-nos a caminhar sobre ela, mãos esticadas para não perder o equilíbrio. Mãos apoiadas em ombros imaginados, sob pés bem delineados na imaginação de um sonhador. Ainda que em sonho, sementes brotam  no asfalto e apresentam flores. Fulgurosas rosas em tons de azul e verde.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Múltiplos fins

As pessoas cujos casamentos não desmoronaram ou cujos cônjuges morrem em vez de saírem de casa não sabem que os casamentos findos raramente têm um fim único. Os casamentos são como certos livros, uma história em que você vira a última página e acha que acabou, e depois há um epílogo, e depois disso, você está propenso a continuar se perguntando sobre os personagens ou imaginando que a vida deles continua sem você, caro leitor. Até esquecer a maior parte desse livro, depois de já tê-lo fechado, você fica intrigado querendo saber o que aconteceu com os personagens.


- Elizabeth Kostova, in Os ladrões de cisne, p. 199.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Quando o silêncio grita.

Eu disse que estava tudo bem, mas é claro que não está. É claro que eu continuo com as noites em claro, ouvindo meus próprios passos no corredor, é claro que continuo sentindo o coração pulsando a mil e uma vontade doida de sair correndo, sem precisar me explicar, sem precisar me justificar, sem esperar que todos entendam que estou zangada e magoada demais para querer me importar com qualquer outra coisa, porque sinto que todas as tragédias do mundo foram libertadas do baú da bruxa má e então tudo virou o caos à beira de um cais. É claro que assim fica difícil acreditar que há algo de bom em continuar por aqui, mesmo quando as coisas fora de mim pareciam mais interessantes e prazerosas de se viver, mesmo quando eu conseguia olhar para o mundo e me ver em algo bom ali no meio. É tudo tão confuso e efêmero, como um tornado mudando de direção e arrasando com tantos planos e desejos, com tantos castelos de areia construídos na beira da praia, próximo ao mar, mas longe da maré. Como pedacinho de estrela cadente caindo às quatro da manhã, sem ninguém para olhar a beleza que é ser estrela no meio da noite. Chuva, em plena tempestade de neve. Sem nenhum eco trazendo respostas. Mas só chove e chove, em Terra de Utopia. É quase furacão.

About the pain

Mas quando - existe um dia, uma data, um mês? -, quando o coração vai parar de bater apertado demais? Haviam palavras quando o sentir não fazia outro sentido que não doer?
He says "when will you get relief from that pain"... But if won't it rielief anytime?