sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Sobre tus cosas...


El amor es la guerra perdida entre el sexo y la risa
Es la llave con que abres el grifo del agua en los ojos
Es el tiempo más lento del mundo cuando va de prisa
El amor se abre paso despacio no importa el cerrojo

El amor es la arrogancia de aferrarse a lo imposible
Es buscar en otra parte lo que no encuentras en ti

El amor es un ingrato
Que te eleva por un rato
Y te desploma porque sí
El amor es dos en uno
Que al final no son ninguno
Y se acostumbran a mentir
El amor es la belleza
Que se nutre de tristeza
Y al final siempre se va

- Ricardo Aronjas, in El Amor.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Exercício da dúvida

E então, duvide sempre, de promessas de vida harmônica que te tiram a paz.
Elas não são harmônicas.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Contingências

E ainda que você espere por outras coisas, que imagine que a vida possa te oferecer outros caminhos que não a sua própria existência, simples e um pouco vazia, ainda assim, é aqui que você está. E é isto que você é. E tudo isso não pode parar por aí.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sutil

Depois de todo o caos do dia de hoje, enfim posso dizer que algo mudou.
Esse mesmo algo me fez perder o sono, mas o mais importante é essa sutil diferença que gerou uma calma há tempos esperada e bem vinda.
Sutil, como foram também suas palavras. Entrando devagarinho e de forma doce, não para serem entendidas, mas sentidas. E eu as senti.
Não foi como nas outras vezes. Nem de longe me deram a sensação de peso que em geral os elogios e os afetos provocam. Sequer precisaram ser caladas e acusadas de mentiras. Não foram.
Depois de tanto tempo,  as senti reais.
E então, parece que tudo mudou.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Sobre linhas que precisam se romper

Pode soar como uma confissão, e talvez seja isso mesmo. Uma confissão misturada com um pedido de desculpas - e de compreensão. Por mim e para mim.
Porque as coisas não têm sido fáceis, e por não virem sendo fáceis, às vezes, a dor é imensa. Mas, pior que a dor é essa sensação de completa insatisfação, insuficiência, de que qualquer "castigo" deve ser pago como um castigo mesmo, porque houveram erros demais, falhas demais, irresponsabilidades demais. Não injustiças demais, nunca autocrítica demais, nunca um desmerecimento injusto, mas uma culpa imperdoável.
Assim como é o desespero que eu enfrento toda vez que penso que eu não vou conseguir enfrentar isso de frente outra vez, sem que muito se perca pelo caminho. Que eu não vou ser capaz de enfrentar tudo isso que parece tão grande, forte e incontrolável agora, porque está muito perto dos meus olhos. Que eu vou escorregar de vez, que tudo vai se repetir e que por mais que eu possa ser boa em tantas coisas, nunca vou ser sequer razoável nisso. Que vou continuar com pequenos escorregões até cair em um buraco tão fundo, que vai me faltar o ar. Que a borda não poderá mais ser vista, que a luz não vai ser sequer um ponto no topo desse buraco e que eu vou me perder lá no fundo, escuro e em silêncio. Porque não tem acontecido só uma vez, ou duas, ou três. Mas muitas, com uma frequência assustadora e preocupante, até mesmo para mim, que pareço meio "irresponsável", pois sei o que devo fazer, mas que as ações são tão mais fortes do que qualquer coisa e em qualquer momento que eu tente dizer que não, não, não! Por mais que eu tente, já aconteceu.

Não sei até onde vai. Não sei até onde é possível ir sendo assim. Mas, são aquelas linhas de ruptura... Que dizem que "assim, desse jeito, não dá para continuar"!

E tudo isso, para dizer, "ei, não me deixa fazer isso". Mas, de verdade? Ninguém pode impedir.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Vazios completos

Fome.
Mais uma noite.
Esse vazio aqui dentro.
Que não pode ser preenchido.
Nunca. De forma alguma.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sobre o que se morre com o silêncio

Descobri estes dias que existe no Mali e em Burkina Fasso, dois países que ficam em algum ponto que não sei bem na África ocidental, um povo conhecido como dogom.
Cada dogom acredita ter nascido com uma quantidade determinada de palavras na barriga e, durante a vida, gasta o verbo guardado dentro com os amores, os amigos, a oposição, os irmãos e os vizinhos. Um dia, quando o estoque acaba, o sujeito morre, Os dogons são também grandes conhecedores da astronomia e do início de todas as coisas, e não deixa de ser curioso que a concepção de vida de um povo inteiro comece e do mesmo jeito termine: com o silêncio.

O silêncio, como o tempo e as dores mais profundas, ensina um bocado de coisas. Faz voltar a rir depois de meses em que nada soava engraçado, faz voltar a confiar na humanidade um tempo depois da tarde em que você olhou nos olhos de um homem e ganhou um par de mentiras em troca, faz voltar a ouvir as canções daquele disco da capa branca e só o nome do cantor assinado no meio, o barco vazio, um objeto não identificado, o marinheiro sozinho, os argonautas, a Carolina dos olhos fundos e a dor de todo este mundo, um Salvador, mil novecentos e sessenta e nove, que el mundo fué y será porque ria y alo sé, um objeto não identificado. O silêncio faz voltar no tempo.

O silêncio, como as contradições e as decepções mais duras, ensina um bocado de coisas. Refaz os planos depois das expectativas desfeitas, refaz a pose depois da queda ou da vertigem, refaz o caminho com mala, cuia, cara e coragem quando parece que é o que precisa ser feito. O silêncio, como o tempo, refaz o que precisa ser refeito, olhar, parede, crença, sentido, prazer, história, vontade, saúde, quase tudo. O silêncio, como dizia o mestre Guimarães Rosa, é a gente mesmo, demais.
Pois, para os dogons, ao que parece, o silêncio é a gente mesmo demais e muito mais.

Descendem, acredita-se, dos habitantes de um planeta que orbita ao redor da estrela Sírius e que teriam aterrissado na Terra em eras remotas, inaugurando a civilização. Transmitem suas lendas e tradições de geração em geração há milhares de anos, realizam rituais para a estrela que acreditam ser a origem de tudo. E nascem – olha que coisa – com uma quantidade determinada de palavras dentro da barriga, que acaba quando chega o dia de morrer e eles então morrem em silêncio, porque não têm absolutamente mais nada para fazer.

- Autoria desconhecida.