quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sobre a efemeridade humana

Admirei sempre os vulcões humanos. Aparecem por coincidência e sabem dos seus estragos. Fazem do nada a beleza e fingem que não se abalam são como meteoros - trazem caudas de estrelas.

- Marieta Campiglia.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Quando algo vai mal...

"Aprendi a encarar como um elogio a beleza “exótica” que me endereçavam e até a me orgulhar das pernocas grossas que eu sempre tive. A máxima de qualquer tratamento deste tipo: um dia de cada vez. Nunca estaremos livres. Eu tive ajuda. Outras garotas não têm.O que elas têm são centenas, milhares de polegares estendidos positivamente em sua direção dizendo apenas umas coisa: continua assim. Você está linda." - Amanda Minotti, in http://www.diariodocentrodomundo.com.br/anorexia-e-morte-no-instagram/

Sobre a decisão de dar o próximo passo

E se tens sido tu a tua própria luz no horizonte, mantenha-se firme na caminhada.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Fugir do ciclo!

Anorexia e Bulimia podem até ter parecido como uma solução fácil de primeira, mas as "soluções" só causaram desespero mais profundo, autoaversão e vício. A cultura e sua ideia de perfeição estabeleceram um padrão inatingível para a maioria, ao mesmo tempo sussurrando: "Se você não estiver satisfeito, faça alguma coisa sobre isso". Apesar do desejo de mudança não ser intrinsecamente errado, concentrar-se inteiramente na imagem corporal pode levar à obsessão. Distúrbios alimentares como Anorexia e Bulimia oferecem uma falsa sensação de controle, causando um ciclo de doença que rouba a sua auto-estima, perturba a sua vida quotidiana e afeta a sua saúde, às vezes a ponto de causar a morte. Apenas ao fugir dessa armadilha e ao descobrir a beleza interior é que você pode encontrar contentamento verdadeiro.

Sobre o silêncio dos corpos

E a minha paixão, aquilo que tenho e que me move, fez com que eu experimentasse um silêncio enorme, enorme...

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Passando

E então as nuvens passam, embora a chuva. Os carros passam, embora o tráfego. Os barcos passam, embora as tormentas. As adversidades passam, embora o sofrimento.

Sobre a vida que vem

Tudo o que acontece no universo tem uma razão de ser; um objetivo. Nós como seres humanos, temos uma só lição na vida: seguir em frente e ter a certeza de que apesar de as vezes estar no escuro, o sol vai voltar a brilhar.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Com o passar dos dias

Posso escrever e não dissimular
É o que eu ganho por estar mais velho
Não tenho nada para impressionar
Nem por fora nem por dentro
E a noite inteira eu vou cruzando o mar
Porque os sonhos voam com o vento
Na minha janela é ele a soprar
Só pra ver se estou desperto
Me perdi num truque de palavras
Me anotaram mal a direção
Já escrevi meu nome numa bala
Já provei a carne de cação
E eu já tenho tudo planejado
E alguém diz que não, não, não, não, não
Agora o vento sopra pro outro lado
Me leva pela mão
E há quem diga não, não, não

E o que me levará ao final
Serão meus passos no caminho
Não vê que só se está atrás
Quando persegue seu destino
Sempre na minha mão tem um punhal
Nunca é o que era pra ter sido
Não é porque digo a verdade
E sim por nunca ter mentido

E eu não vou me sentir mal
Se algo não me sair bem
Aprendi a derrapar
E a me chocar contra esse chão
Que a vida simplesmente vai
Como a fumaça desse trem
Como um beijo e nada mais
Antes que você conte até dez
E eu não voltarei a ser estranho
A quem não chegara me conhecer
Também não vou dizer que eu te amo
Tão pouco deixarei de te querer
Deixei de voar e me afundei
No meio dessa lama eu encontrei
Algo de calor sem teus abraços
Agora eu sei que nunca voltarei

- In Antes de você contar até dez, Vespas Mandarinas. http://www.vagalume.com.br/vespas-mandarinas/antes-que-voce-conte-ate-dez.html#ixzz31XDyNrqX

Tarefa de terapia


Quando ela perguntou o que eu via, era isso que via.



Que comer era, de fato, um transtorno.

Excetos - da minha agenda linda!

Pegou as chaves do carro
No bar da estrada comeu planos
No banheiro deixou
o rosto no espelho
Acelerava partidas
Rodava sonhos
Se foi com o vento
 - Marisete Zanon
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Primeiro o ferro marca
a violência nas costas
depois o ferro alisa
a vergonha nos cabelos
Na verdade o que se precisa
é jogar o ferro fora
e quebrar todos os elos
dessa corrente de desesperos
 - Cuti
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Ou se vive por inteiro
ou pela metade a gente
escreve a vida
que não viveu.
 - Moacyr Félix

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Para existir basta abandonar-se ao ser
mas para viver
é preciso ser alguém
é preciso ter um OSSO,
é preciso não ter medo de mostrar o osso
e arriscar-se a perder a carne.
 - António Arnaut

Por aquilo que você não desistiu

"Mas é que eu fico chateada", aliás, decepcionada, comigo mesma. Decepcionada por ser tão boa em tanta coisa e não conseguir ser nem razoável nisto. Por não ser capaz de fazer do jeito que todo mundo faz, por achar que não estou tentando o bastante. Por saber que ainda há muito para tentar, para fazer, para falar.

sábado, 10 de maio de 2014

Who do you choose to you?

When you decide who will be in your support team, think of the person when you are feeling discouraged. Think of people in your life who really care about you and who are interested in your recovery. Not just anyone can be dependend upon for support. Not just anyone can hold your hand as you make the most difficult journey of your life. Not just anyone.

- Life without Ed, p. 22.

domingo, 4 de maio de 2014

Pare mundo louco!

Chegaaaa! Não quero que elogiem meu corpo, não quero que digam o quanto estou magra (e bonita?!), nem que me digam "continue assim!". Quero mais elogios sobre a cor dos meus olhos, o brilho do meu sorriso, o cheiro do meu cabelo! Quero mais "parabéns" pelas coisas boas que fiz, pelo bom trabalho, pela dedicação nos estudos. Chega de "muito bem" pelas coisas ruins que me deixam sempre pior!
‪#‎chegadebulimia‬ ‪#‎lifewithoutEd‬ ‪#‎maisSorrisosSinceros‬

Life without Ed

In my life, I have trusted Ed over and over again, always willing to give him another chance, only to discover that this solutions make me feel worse. I no longer trust him, and I have divorced him, but I do still have occasional slips. I am work in progress - not perfect. I am grateful that I now understand thar perfectionism is not the goal.

- Life without Ed, p. XXVII.

Vai e volta

Hoje eu fiquei muito deprimida ao pensar sobre meu peso e forma corporal. Não consigo ficar satisfeita, ou melhor, não consigo acreditar que estou satisfeita. É tanta confusão aqui dentro da minha cabeça, tanto sentimento pensado que fica misturado com a culpa e os pensamentos do quanto eu comi ontem, de tudo o que eu comi ontem, do que já comi hoje e o remorso de que deveria ter sido menos. Junto com isso, parece que eu penso que tudo já está estragado mesmo e então eu tenho vontade de comer ainda mais. Já fui umas 20 vezes na cozinha pela manhã, já belisquei uma porção de coisas e não passa essa “fome”. Já me tranquei no quarto, longe de qualquer doce, chocolate, biscoito, que eu não queeeeero comer, mas que fica aqui na minha cabeça como se fosse uma insistência moral desgraçada. Ai que raiva que estou de mim mesma, estou me odiando neste momento, louca para comer o mundo hoje e apelar para a subitramina amanhã. Não, não, não! Não quero mais esses ciclos! Não quero mais as compulsões, os vômitos, não quero mais ficar tão deprimida a ponto de não ter coragem de sair de casa! Não quero mais usar roupas muito maiores que meu corpo porque tenho vergonha dos meus braços cheinhos, das minhas pernas grossas, da minha barriga que parece tão gorda. Não quero mais sair por aí e fazer 3 horas de aeróbica até não aguentar mais. Eu não quero mais isso, mas ainda assim isso fica pulsando aqui o tempo todo. Parece que há dias em que eu não penso em outra coisa a não ser em como meu peso está aumentando, no quanto estou ficando maior e em como não gosto disso.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Partir em silêncio

“Não sei que nome tem, mas eu não sei explicar. É esse sentimento que chega e invade, toma conta das minhas mãos, dos meus olhos, e de tudo o que eu penso”. E ele a beijou. Naquela noite, não tiraram os casacos. Chegaram da rua, caminharam entre o vento gelado exaustos, com as mãos geladas e o sangue fervendo, pulmões queimando. Seria um inverno rigoroso, a julgar pelas primeiras noites do outono. Mas se bastavam. Ela com seus olhos verdes brilhantes, ele com as mãos quentes e com suas calosidades. Os últimos meses exigiram muito de ambos, o dinheiro era pouco, os amigos em menor quantidade ainda. “São tempos difíceis para os sonhadores”, ele dissera certa noite. Ela se recusava a acreditar, mas sentia na pele e em seus ossos. Perdera muito peso no último mês, chegavam tarde e não havia nada para o jantar. Ele sabia que ela estava partindo, mas ainda assim queria protege-la. Jurou-lhe que a amaria até o fim, mas no fundo, egoísta, acreditava que seu fim seria antes do dela e agora tinha que aceitar a escrita confusa dos exames. Ela iria partir. Partiria, se não pudessem fazer alguma coisa, e na realidade nada havia a ser feito. A não ser esperar. E assim, esperaram. Passaram-se os dias, as semanas, os meses. Quase um ano se fora e ela ia partindo com eles. O brilho de seus olhos diminuía a cada dia, assim como seu bronzeado, que não voltara com o sol de verão. Ele passava o dia trabalhando, trazia seus remédios a noite, mas ela, deitada na cama, não resistia. Ela ia, como carros que passavam apressados pela frente do apartamento. Pouco a pouco ele percebia que existia sem ela e que, sem ela, seria sua existência em breve, mas se recusava a acreditar. Sempre deixava algumas lágrimas caírem na sopa, às vezes perdia a hora sentado olhando para sua imagem no espelho do banheiro. Como ela partiria?

Durante várias horas ele se imaginava sem ela, sempre que se deitava, para dormir. Tinha medo de tocá-la e quebra-la, tão frágil estava. Às vezes acordava assustado, próximo demais do rosto dela, da boca bem delineada que suspirava baixinho. Ele via, ela também chorava antes de dormir, mas nenhum dizia uma palavra ao outro. E assim foram seus últimos dias juntos: cada vez mais silêncio, cada dia mais calados. “Não se vá”, implorava baixinho, para que ela ouvisse, ou Deus, “sei lá”. Por quantos meses juntos ele daria sua vida? E se ela ficasse, o que mudaria naquela estória? Quando aquelas horas e dias de silêncio, iriam acabar? Mas ela se fora. Em uma noite quente de verão, sem casacos, sem sopa, em silêncio. Ela respirara fundo e o deixara com uma rosa na mão, parado em pé na porta do quarto. “Olha, depois de tanto silêncio, eu queria dizer...”.