terça-feira, 6 de setembro de 2016

"Slackline"

Perdi um pouco a linha hoje. Não deu para segurar. Essa semana toda foi estranha... Muitas coisas acontecendo para pouca disposição de ficar me combatendo o tempo todo. Ontem eu não estava bem... O dia foi cheio e ao mesmo tempo foi pesado. Duas coisas chatas que aconteceram no trabalho me deixaram muito chateada, somado com as 6 aulas que eu dei ontem e tanta coisa se passando na minha cabeça sobre aquilo que eu tenho vivido foram demais para mim. Eu já tinha percebido que não estava legal... Minha irritação ao explicar pela terceira vez a mesma coisa para o meu irmão foi um sinal. Ele perguntando se íamos nos ver mais tarde e eu dizendo que poderíamos, mas que eu estava cansada. As horas passaram e nada. Quando veio uma resposta eu já estava até mesmo cansada demais para reclamar. Ele veio. É um “sexo casual” que se torna rotina. Incomoda. Eu várias vezes me disse “é por isso que eu não namoro, é por isso que eu não namoro”. Ontem eu me disse isso antes dele chegar. Mas ele veio. Eu disse que não estava a fim, que ontem o dia tinha sido pesado, que eu estava cansada, que eu não estava a fim. Ele insistiu. Em fechar a porta, em apagar a luz, que eu tirasse o casaco. Eu não quis. Eu queria que ele ficasse, mas queria também que me deixasse em paz. Queria algo que ele não tinha para me oferecer. E aí, o problema é de quem? Depois de muitas vezes dizendo, “sério, eu não estou legal” ele parou e olhou para mim. Disse que ficaria chateado, que isso não se fazia. Perguntou se eu sempre fazia as coisas só por mim, nunca pelos outros. Eu pedi desculpas. Ele voltou a me beijar. Eu estava chorando. Até que levantei. Fechei meu shorts. Ele disse que era hora de ir embora. Me falou que “só queria que a minha sexta fosse tão boa quanto a que ele tinha planejado para ele”. Não sei se estava mesmo chateado – ele brinca o tempo todo, com tudo. Disse que não era motivo eu ficar assim por causa de uns garotos babacas, que queria fazer meu dia valer a pena e que eu não deixava. Eu só queria poder chorar um pouco. Eu acho que tinha esse direito. “Você não pode deixar eles acabarem com seu dia”. Mas eles acabaram com meu dia. Eu fiquei mal, fiquei arrasada, me senti invadida. Ele dizia que entendia, mas mostrava que não.

“Você faz, sempre, as coisas só para você? Nunca para os outros?”.

Lembrei de uma paciente do CAPS, no estágio de psicopatologia. Ela surtou quando lhe perguntaram sobre uma boneca. E eu perdi a linha com uma pergunta. Não era sobre sexo. Não era sobre ceder ou não qualquer coisa para ele. Ele me mostrou o quanto eu sou egoísta, pior que todo mundo.

“Você faz, sempre, as coisas só para você? Nunca para os outros?”. Essa pergunta não me saiu mais da cabeça – continua batendo aqui como quem vai rachar uma parede. E eu acordei hoje mais certa do que nunca que devia ir embora. De novo. Sair daqui. Tentando me convencer de que ir para outro lugar resolveria. Quando na verdade eu sinto mesmo é que eu não sou para esse mundo.

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