quarta-feira, 12 de junho de 2019

Seguir no caminho ou Todo dia um 7 a 1

De novo me perguntaram sobre como eu estou. De novo eu respondi com displicência. Que não é nada, que é cansaço. Que é só tédio, ou qualquer coisa assim. Me sinto perdendo o repertório das palavras. Será que, se eu parar de falar, vai levar muito tempo para perceberem? Afinal, sequer tem algo de novo nos silêncios. Não tem nada de novo na apatia. Eu sequer consigo chorar.

Hoje teve algo de novo porque havia um certo incômodo, uma ponta de ansiedade. Não aquela daqueles dias, mas tem algo mexendo, sabe? Tem algo tentando sair, e é bem quando eu acho que devia parar com a análise, dar um tempo, seguir sozinha, sabe? Essa resistência a mudar é sempre uma tentativa de boicote, de sair do lugar de quem não se responsabiliza pelo que sabe sobre si. Porque eu sei, mas queria não saber. Porque eu vejo e queria não ver. Eu me encontrei perdida nos meus silêncios e eu tive medo de me seguir.

Eu queria me rasgar, eu queria me jogar em um canto e desaparecer. Eu queria sumir - será que se eu ficar aqui quietinha de repente eu sumo? Eu queria gritar. Eu tenho vontade de correr e de gritar, faz dias. Eu queria me esquecer de quem eu sou - se eu me perguntar muito, como Clarice, eu esqueço? Queria ser menos forte, pra desistir mais cedo. Queria ter menos medo pra jogar mais alto e perder com mais intensidade - queria que fosse uma perda dessas, de 7x1, sabe? Dessas que não adianta mais fazer nada, a não ser não deixar piorar muito. Mas se está tão ruim, um a mais, um a menos, que diferença faz? A gente vai continuar - e até quando?

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