sábado, 10 de janeiro de 2015

Sobre as cidades escuras


Mas olha, em nenhuma outra vez te sentistes sozinha, então não é hora de te sentir agora. Por mais que a vida pareça mais escura e fria do que faz no verão do Rio lá fora, não deixe que te digam que foi tu quem criastes os pequenos monstros nos buracos dos tijolos da grande cidade. E ainda que eles estejam às centenas, aos milhares escondendo as luzes, cochichando segredos, não olhe para eles, não deixe que seus olhos se cruzem, apenas deixa que esses monstrinhos ingratos se vão... Deixe que se percam na escuridão e se confundam com teu brilho. Por isso brilhe, brilhe muito, brilhe tanto até que percam a visão e te deixem ali, sozinha, quieta e valente; sorrindo, como sempre.

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