domingo, 22 de junho de 2014

Coisas que aprendi com minha nutricionista


Geralmente as pessoas começam a escrever coisas assim por ordem de importância, então não vou romper com a tradição e começarei pela mais importante. No entanto, os demais itens não vão em sequência de importância, mas conforme minha memória for ditando.

Lição nº 1: a coisa mais importante. Sem dúvida, o que mais importa nesse processo todo é que eu finalmente pareço ter compreendido que baixo peso não tem correlação direta com felicidade. No meu caso, baixo peso significou muita, muita, muuuuita, infelicidade. Da mesma forma, não há “incorrelação” direta, mas na verdade o que há dentro da gente é que diz o quanto estamos satisfeitos ou não com o mundo. Nosso corpo, nossas relações, nossos investimentos e desinvestimentos são apenas consequências.

Lição nº 2: aprendi que não existem comidas boas e comidas ruins. Todas elas são necessárias de forma equilibrada. Finalmente consegui romper com minha listinha de “alimentos proibidos” e como de tudo – no momento, frequência e quantidades necessários à manutenção saudável do meu organismo.

Lição nº 3: aprendi a ouvir as necessidades do meu corpo. Embora por muitos anos eu tenha negligenciado os pedidos do meu corpo acerca de suas necessidades, finalmente ele voltou a falar e solicitar quando precisa de doce, salgado, quando tem sede ou precisa dormir. Hoje consigo ouvi-lo e respeita-lo, estando consciente de que posso fazer escolhas saudáveis sem ser leviana com meu corpo.

Lição nº 4: mais é sempre menos. Excessos só me levaram a perder: menos saúde, menos autoestima, menos disposição. Hoje consigo compreender qual a necessidade e limite de meu corpo para praticar exercícios, comer, descansar. Agora sei que posso ponderar e maximizar os resultados de meus treinos, de minha alimentação e da minha rotina de forma geral.

Lição nº 5: no dia em que compreendi que eu poderia comer qualquer coisa, consegui ficar consciente de que todo e qualquer alimento estaria disponível a hora que quisesse e então a compulsão pôde ser deixada para trás, assim como os períodos de privação.

Lição nº 6: pesar menos não significa necessariamente emagrecer. Percentis de gordura e peso corporal são determinados não só pelas calorias que ingiro, mas também pelo tipo de alimento (se retém líquido, se é mais líquido, se meu intestino funciona direitinho, se estou vestida quando me peso, etc.), logo, meu desespero ao subir em uma balança não é somente por aquilo que como, mas também por aquilo que continua em meu organismo, mas que não é gordura.

Lição nº 7: se eu não tenho controle sobre a imagem que faço de mim mesma, devo ser cautelosa quanto a medidas que não dão a extensão exata de quem eu sou. Logo, abolir balanças, fitas métricas e contagens de calorias, no meu caso, foi uma medida cautelosa e prudente.

Lição nº 8: meu peso não determina quem eu sou. E só hoje eu consigo perceber que independente da minha forma corporal, NUNCA ninguém me amou mais ou menos por aquilo que minha imagem mostrava ser. Ao contrário, eu pesar menos do que um ano atrás não me garantiu as coisas que conquistei – minha dedicação para conquista-las sim.

Lição nº 9: há um peso saudável para a manutenção equilibrada do meu organismo. Ao longo dos últimos 6 anos, período em que constantemente recorri aos transtornos alimentares, tenho observado que há um peso para o qual eu sempre volto. Este é o peso que me permite fazer as coisas que eu gosto e me mantém saudável. Talvez seja este o peso que meu corpo pede para estar e, embora ele seja maior do que eu gostaria de pesar, garante minha nutrição e qualidade de vida.

Lição nº 10: descobri que pessoas que fazem dieta não querem ficar magras, elas querem emagrecer. E quanto mais emagrecerem, maior será a meta sob a qual se colocarão. No final das contas, vão descobrir que quando perdem muito peso, como foi meu caso, mais próximas estarão de serem uma pessoa menor, mas com problemas maiores.

Lição nº 11: quando alguém gasta mais tempo pensando em saúde, do que sorrindo, ele está com sérios problemas. Eu estive. Tive compulsão, pré-obesidade, bulimia, anorexia. Nunca nenhuma dessas coisas me fizeram feliz. E mesmo quando eu recebia elogios sobre meu corpo e “boa forma”, eu só tinha vontade de chorar. No fim das contas, o que eu queria mesmo era ajuda. Mais ajuda.


Essas são apenas algumas das lições que aprendi ao longo da minha “terapia nutricional”. Talvez minha nutricionista nem saiba que fez tudo isto, e talvez, se eu disser a ela, me diga que não fez. Talvez ela tenha razão: não foi ela quem fez isto tudo acontecer, mas sem nenhuma dúvida esteve presente neste caminho todo, me dando força, acreditando em mim, segurando minha mão.

6 comentários:

Anônimo disse...

Muito obrigada por dividir isso conosco. Já sofri com transtornos alimentares e ansiedade social por conta da minha autoimagem distorcida. Não posso dizer que estou completamente curada, mas sei que estou entrando no caminho que vai me levar ao equilibrio físico e emocional e esse tipo de incentivo me deixa com mais esperança para superar o "inferno" que tenho vivido.
Um abraço.

Olhares e silêncio disse...

Pessoa, nunca desista de você! Se proponha a tentar um pouco mais, todos os dias! Foi o que fiz, durante anos! Quase me perdi pelo caminho, N vezes, disse que não queria mais, um zilhão de vezes; mas no fundinho, eu queria tanto me ajudar, que insisti. Também estou longe de estar "curada", mas tenho certeza de que é este o caminho! Força e coragem sempre! :)

Anônimo disse...

lindo depoimento, me trouxe um pouco da paz que venho buscando em meio a metas cada vez menores de peso e cada vez mais episódios de compulsão.

Olhares e silêncio disse...

Em frente sempre, tá? :D

Unknown disse...

Parabéns, belo depoimento! Sou nutri, trabalho com emagrecimento e compartilhei em meu site para inspirar meus clientes ok! Se quiser dar uma olhada www.ciclonovo.com.br
Sua nutricionista ficará orgulhosa em ouvir ou ler tudo isso, dê esse presente à ela. Ninguém disse que o caminho seria fácil, mas me disseram que valeria à pena! bjus nutritivos

Olhares e silêncio disse...

Olá Graziela!
Obrigada pelas palavras! Concordo contigo... Também acho que ela merece saber sim!
E, sem dúvidas, um caminho que tem valido à pena...
Obrigada por compartilhar!
Super beijo!