até dos móveis, irmãos até de um simples armário! Vim de lá gostando mais de tudo! Quantas coisas
deixamos de amar, quantas coisas esquecemos de amar. Mas chego aqui e vejo o quê? Que ninguém
ama ninguém, que ninguém sabe amar ninguém. Então é preciso trair sempre, na esperança do amor
impossível. Tudo é falta de amor: um câncer no seio ou um simples eczema é o amor não possuído!
SEGUNDO IRMÃO: Bonito!
PRIMEIRO IRMÃO: Que papagaiada!
TIO RAUL (Contido): — E, finalmente, qual é a conclusão?
MÃE (Para si mesma): — Meu filho não diz coisa com coisa...
GILBERTO: É que Judite não é culpada de nada! E, se traiu, o culpado sou eu, culpado de ser traído!
Eu o canalha!
- Nelson Rodrigues, in Perdoa-me por me traíres, p. 25.
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