(...) Num incêndio,
num bombardeio,
numa explosão,
vingadores daquela pedra de amolar que o pobre Van Gogh, o louco, carregou no pescoço a vida inteira.
A amolação de pintar sem saber para quê nem para onde.
Pois não é para este mundo,
nunca é para esta terra que nós todos sempre trabalhamos,
lutamos,
bramimos de horror, de fome, de miséria, de ódio, de escândalo e de desgosto,
que fomos todos envenenados,
embora por ela tenhamos sido todos enfeitiçados,
e que enfim nos suicidamos,
pois não somos todos, como o pobre Van Gogh, suicidados pela sociedade!
- Antonin Artaud, in Van Gogh, o suicidado da sociedade, p. 282-3.
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