De reto - refletiu ele- todos traziam um morto na na memória. Cada ser humano tinha a sua princesa morta. Tônio descobria uma acentuada tendência necrófila nas pessoas. Apegadas a coisas e seres defuntos. Em vez de imaginar que os seus mortos continuavam a viver em alguma parte do universo, como um espírito, uma ideia, uma árvore, uma flor, um fruto, um talo de relva ou uma pedra - ficavam-se idolatrar e arrastar ao longo de toda a vida um cadáver, um corpo em processo de dissolução, um esqueleto, uma imagem macabra. (...) Por que uma palavra triste para a princesa que morreu?
- Erico Veríssimo, in O resto é silêncio, p. 362.
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