Tônio ficou a buscar palavras com que pudesse descrever aquela paisagem. Se fosse pintor - refletiu - seus dedos estariam ardendo por tomar dum pincel e prender na tela as cores daquele horizonte volúvel. Sim, o que há no fundo de todo artista é ainda o menino. O menino que olha o mundo e diz: "Eu também sei fazer um céu como aquele, flores iguais às deste jardim, pessoas como aquelas que lá vão". Há também meninos que em assomos de orgulho exclamam: "Eu sei fazer um mundo mais bonito!". E aí estava a razão pela qual a arte tantas vezes superava a vida. Quanto aos surrealistas, cubistas, etc..., são meninos esquisitos que gritam: "Eu sei fazer um mundo diferente!".
- Erico Veríssimo, in O resto é silêncio, p. 68.
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