quarta-feira, 16 de maio de 2012

Linhas

Escrevi em linhas azuis. Em linhas azuis por medo de que fosse pretas. Se fossem pretas me escureceriam a visão e a íris e as pálpebras. Sendo pretas não me restaria espaço para nenhuma cor. Sobre o branco eu escrevo como quero, eu rabisco e invento e disvento. Colorido me permite tudo, colorindo eu não perco nada. E respiro, respiro entre minhas letras trêmulas, mal desenhadas. Um rabisco simples eu transformo em aquarela... Colhendo folhas secas na primavera e pingos gelados no verão. Um sol que antes fora negado, agora me ofertam, mas sem coração. De um programa sem graça na televisão retiro meu novo personagem, construo uma história fantasiosa e irreal... Com meu personagem vivo mundos de imaginações, ouço contos de fadas como se fossem canções. Não me perco, invento caminhos que seduzem, reduzem a dor e o medo, ampliam as visões para outros desejos. Com o mundo nas mãos caem gotas de oceano entre os dedos e nada mais permanece como outrora fora. Um grito no ar, uma lágrima azul, azul anil como dia claro sem sol. Dia (in)ventado.