quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pedacinho de você

Um olhar calado, como de quem observa.
Ou talvez, mesmo, não queria entender nada porque não lhe interessava.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Noite gelada

Pedem respostas, mas cobram silêncio. Como em um grito, um grito que fica preso na garganta e arde feito fel. Cobram sorrisos, mas semeiam lágrimas escondidas na fronha do lençol. Soluços e bravejos em noite de terça-feira. Sussuros e grotejos em manhã geladas de outono. Uma meia no pé. O outro, descoberto, sente a relva que entra doce pela fresta da janela. Em meio a tanto ódio e remorso, um rugido, feito fera desperta. Xinga, braveja. Fora, certa vez, suficientemente forte para viver e acordar sozinha.

domingo, 21 de outubro de 2012

Páginas de silêncio

Mas então essas coisas, essas pessoas, viram uma linguagem muda. E eu a história que nela se calou.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Banal...



E se eu fecho os olhos por medo de ver a luz, o que posso ver?! O que possuía e não conseguia ver ou aquilo que por medo, desisti de ter? Se fecho os olhos e cerro os lábios, se durmo com os ombros tensos por medo de dormir e não acordar, acabo por não dormir?! O quanto se paga por aquilo que se desiste?! Quanto se perde com o que se negou a ter? Desejo bandido que destoa, noite a dentro, do som das corujas e do miado dos gatos. Desejo encantado que desiste do brilho das estrelas para possuir a negritude da rua.


Nada


“Nada”. Não queria nada. Alías, queria sim. Queria que fosse embora. Buscava ser entendida, vivida e não apenas lembrada por sua descompostura e inconstância. Ela ainda era uma menina e disto não havia dúvidas, de que esperava que a vida e o tempo se articulassem ao seu ritmo e não o oposto, pois era cômoda demais e sempre esperava que as lembranças não a atormentassem ou que ao menos não incomodassem por tempo suficiente a se aventurar em um novo romance, mais seco e da mesma forma menos romântico. Buscava um romance que lhe fosse ardido, colérico e menos vulgar, o que de certa forma o tornava menos intenso e menos passional. No final de suas linhas, sempre um adeus, um até mais sem fim ou um beijo seco e forte, ao sabor de chocolate meio amargo. Em contrapartida, desejava um olá sincero e compromissado, um cumprimento que lhe soasse simples e confortante – talvez por conta disto mergulhasse por muitas vezes na insatisfação de relacionamentos promíscuos e superficiais. “Pare. Seque essas lágrimas falsas e vá embora”, era tudo o que desejava: que se fosse, que abandonasse seus sonhos, seus projetos futuros, e que fosse embora com a chuva que batia com intensidade na janela ou como as lágrimas que escorriam quentes de sua face ruborizada por um misto de raiva e displicência. E num piscar de olhos, a silhueta dele não era mais que um vulto na escuridão, nada além de uma mancha negra que se desfazia, murcha, no infinito de seus olhos úmidos e descompassados.