domingo, 31 de julho de 2011

Blues in the city

E então disse "garota! Você tem que ser forte... Por seus irmãos, por suas amigas! E por favor, não desdenhe e nem guarde ódio no coração, descontando-o nas outras pessoas. Também não mude de opinião de uma hora para a outra". Eu cheguei a achar que a vida já tivesse todo um plano para mim, até descobrir que ela teria de ser planejada por mim...

sábado, 30 de julho de 2011

Soluço

O que é um histórico 9 e 10 desmanchando-se em lágrimas nas noites de sexta-feira?! O que é o discurso rebuscado e convincente, quando engolido pelos soluços na madrugada? Quem espera ao meu lado até a tempestade passar? Quem oferece um lencinho para secar as lágrimas pesadas? Quem ameniza a dor na hora do sufoco? Não minha querida! Ninguém! E talvez seja o momento de dizer que não posso mais! De afirmar que me falta algo inominável, inalcançável. Mas necessário. E ao mesmo tempo, tenho medo. Medo do que signifique tudo isso, de como seja para mim, para aqueles que amo... Mas alguém de fato se importa? Ainda há alguém que olha por mim? Se sou anjo da guarda, tanto guardei que acabei esquecida entre trapos e insetos... E nada resta de mim.

sábado, 23 de julho de 2011

Música


"Ouço música: Debussy usa as espumas do mar morrendo na areia. Mozart é o divino impessoal. Chopin conta a sua vida mais íntima. Schoenberg, através de seu eu, atinge o eu de todo o mundo. Beethoven é a emulsão humana em tempestade. Quanto a mim, que não peço música, só chego ao limiar da palavra nova. Escrevo muito simples e muito nu. Sou uma paisagem cinzenta e azul."

- Clarice Lispector

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Mesmo que mude


Confie em seu coração se os mares pegarem fogo
e vele pelas estrelas, mesmo que girem ao contrário.

Poema (in)acabado

Se escolhesses fechar os olhos
no tempo ainda reviverias,
da mesma forma com que fechareis a porta diante do novo.
És medo? Tens medo?
Ou da mesma forma, foges daquilo tudo que não conheceis, mas desejais?
Se não fostes tu mesmo quem escolheu,
então feche os olhos e me deixe.
Deixe, como já fizerdes outras vezes,
com outras histórias,
com outros contos e em outras realidades.
Não te permites sonhar?
Não te permites deixar encantar?
Se proponho-te novo encontro, não me procuras por quê?
Porque tens medo de mim,
porque tens medo de ti.
E nada resta se, de tudo o que deixardes, nada for teu.
Se não colocardes verdadeiramente tua alma em perigo,
então temerás eternamente que não te olhem,
que não te toquem
e que chegue ao fim do mundo como pássaro sem asas,
como mentira que sai de boca limpa,
lágrima de olhos claros.
Mas ainda assim esperas por outrem.
Sonha com um novo, mas novo é sempre novo por um triz,
é sempre partida inesperada, vida roubada
e encanto sem fim, escrito no chão com giz
para que de nada te esqueças na próxima vez,
porque a espera, sem loucura,
sem passo na estrada.
Esperais por nova vida, mas não a persegue.
Senta e espera.
Espera pelo que vier,
pelo que a ti trouxerem,
para só então provar de teu próprio veneno e esperar.
Olha! Não percas o encanto!
Se nada te sustentas, venha até mim!
Beija minha boca,
toca minhas mãos,
olha em meus olhos...
Mas não digas que me ama!
Não digas que comigo ficarás até o fim,
pois ele está próximo demais...
Ele (o tempo) não esperas por vós.
E se os mares pegarem fogo,
se as estrelas girarem ao contrário,
ainda assim não me esqueças,
mas não me ame!
Não me espere!
Não me encontre!
Não me busque, desde que queira morrer comigo,
queimar comigo,
como se fosse canção de amor composta em volta ao fogo,
em noite sem lua.
Que arde,
que queima,
que fumega em cinzas sem ser fênix.
Amor, que se apaga apenas quando do fim.
O amor te esperava!
Te esperava porque sempre esperou!
Nada és além de desejo!
Nada queres além de paixão!
Nada esperas além de tesão!
E então, meu bem, sorria!
Sorria, como se fosse o começo!
Sorria, como se fosse o fim!
E só então me deixe,
sem fim.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Boa pessoa

"Se você dormiu bem
Se você comeu bem
Se você quer o bem
De uma boa pessoa...

Nessas manhãs de frio
Quando a geada pinta a grama
E o azul do céu,
É de uma beleza que caçoa...

Quando o nada, nada te faria tirar o pijama
Não fosse o vento que vai lá fora
É a voz do teu amor que chama agora...

E você vem...
Laraiá, laraiá, laraiá..."

- A Banda Mais Bonita da Cidade

terça-feira, 19 de julho de 2011

Sonho despedaçado

"Eu também sonhara ser artista, mas quando chegou a hora em que devia escolher minha carreira, optei pela medicina, e soube desde o início que seria a psiquiatria (...). Gostaria de poder dizer que foi uma decisão dolorosa, que o artista em mim se rebelava contra a medicina. O fato é que achei que não daria uma contribuição séria como pintor, e, no íntimo, me apavoravam a pressão e a luta para ganhar a vida inerentes a essa profissão. A psiquiatria seria um caminho direto para servir a um mundo que sofria enquanto eu poderia continuar pintando por minha conta, e seria suficiente, achava eu, saber que poderia ter sido um artista profissional."
Ou, quem sabe, tenha trocado o teatro pelo psicologia, desperdiçando um sonho, em pedaços.

- Elizabeth Kostova, em Os ladrões de cisne.

Soneto a um anjo

És um pequeno anjo de asas revoltas,
anjo que reverbera um sentimento.
Anjo com quem um dia sonhei
com flores e borboletas.

Volto agora e te peço que
me nutra com tua constância,
com teu abandono sutil,
com teus horizontes sem fim.

Tenha-me como uma realidade,
mesmo que inatingível,
abstrata e paradoxal.

Faça do que sou
o que virei a ser,
ainda, em ti.

Envelhecer

Olhar para o espelho e outra imagem ver
aqueles mesmos grandes olhos verdes,
curiosos, a espreitar.
Os lábios finos e frágeis,
as mãos calejadas pelo tempo.
É sentimento que também vem.
De perceber que os filhos cresceram, que os netos chegaram
e que as noites se tornam mais longas no verão.
Agora, o que vê é uma mistura de desejo com nostalgia,
saudosismo de um tempo que não há de voltar mais.
Crescera, e era apenas isto.
Envelhecera! E com o tempo não poderia discordar.
Agora, eram novos planos, novas ideologias.
Uma meta, é verdade, que persistia.
A canção trocada e os anos somados,
mas lá no fim, nada resta a não ser olhares e silêncio.

sábado, 9 de julho de 2011

Mapa mundi

Ponha um pouco de delicadeza
No que escrever e onde quer que me esqueças
E eu te pergunto o que será do nosso amor?

- In Mapa mundi, de Thiago Pethit.

Para falar de afeto

Querido vento que me bate à janela, se eu lhe deixar entrar me devorarás?!
Queria falar de afeto, mas sinto indiferença.
Queria falar de amor, mas o que sinto é desejo.
Escondi as lágrimas escorridas, engoli o pranto porque não queria ceder.
Queria fazer o que tinha que fazer. Dar-te um beijo.
E sumir.

Cansaço

Corria para te encontrar
e por nunca chegar
só me resta esperar!