domingo, 30 de agosto de 2015

Sobre desejar mais que a própria vida

Ele sentia tudo aquilo perto, muito perto. Quem sabe, ao seu lado.
Mas ele não sabia que já tinha ficado para trás.
Gatsaby acreditava na luz verde, no futuro orgástico que encolhe dia após dia à nossa frente. Escapava-nos no caminho, mas isso não importava. amanhã correríamos mais depressa, abriríamos mais os braços, e uma bela manhã...

Por isso vamos batalhando, barcos contra a corrente, sempre arremessados, incessantemente, contra o passado.

- The great Gatsaby.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ei, moço

Já me matei faz muito tempo
Me matei quando o tempo era escasso
E o que havia entre o tempo e o espaço
Era o de sempre
Nunca mesmo o sempre passo

Morrer faz bem á vista e ao baço
Melhora o ritmo do pulso
E clareia a alma

Morrer de vez em quando
É a única coisa que me acalma

Paulo Leminski

domingo, 2 de agosto de 2015

Que nunca foi feliz nessa tua vida...

Tira a maquiagem pra que eu possa ver
Aquilo que você se esforça pra esconder
Agora somos só nós dois, já podes parar de fingir

Mas cala essa boca e me diz com o olhar
Quem era você até me encontrar?
Se agora és diferente
O que eu fiz que te fez mudar?

Eu lembro dos lábios
Tremendo ao dizer
"Eu não vivo sem você"

Então diga
Que não vai sair da minha vida
Diga que não passa de mentira
Quando dizem que o amor morreu

Tira essa roupa pra que eu possa ver
Que não há uma arma tentando se esconder
O mal vive num lar perfeito e sem infiltração

Mas tira o cabelo da cara e me diz
Se por um segundo quiseste me ver feliz
Ou se és o meu destino tentando me dar outra lição

Eu lembro de serrar os punhos pra dizer
"Eu não amo mais você"

Então diga
Que não volta mais pra minha vida
E que a nossa estrada é bipartida
Esqueça o dia em que me conheceu

Então diga
Que nem todo dinheiro dessa vida
Não vai comprar de volta acolhida
No peito de quem já foi todo seu

A casa é minha, mas pode ficar
Eu volto amanhã e não quero mais te enxergar
Faça as suas malas e nunca mais volte aqui

E eu juro pela vida da mãe e do pai
Ciente do peso da expressão "nunca mais"
Volte a oferecer teu corpo a quem preferir

Viver ao lado de quem não tem nada pra dizer
Confesse pra mim de uma vez

Mas diga
Que nunca foi feliz nessa tua vida
Teu texto, teu sorriso de mentira
Pode enganar a todos, não a mim

Então diga
Que essa mão que acena na partida
Por tantos idiotas pretendida
É a mesma que decreta o nosso fim

Assisto ao teus passos como a um balé
Quem vais usurpar agora que ninguém te quer?
A verdade demora mas chega sempre sem avisar

E o grito contido no teu travesseiro
Ecoa nos lares do mundo inteiro
Não tira esse rímel, pois hoje quero vê-lo borrar

- Fresno, in Diga

sábado, 1 de agosto de 2015

Vai, me diz... Sai daí...



Me diz o que há, o que é que a vida aprontou dessa vez?