"Contra mim, nunca, senhora, tu lances do arco dourado a seta inevitável ungida de paixão".
- Medeia, in Eurípedes.
Supere isto. E se não puder, supere o vício de falar a respeito (Caio Fernando Abreu). ESCREVA.
domingo, 20 de novembro de 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Lágrimas e diamantes
Sentira, sentira sim, uma sensação de peso muito grande, uma vontade imensa de colocar para fora tudo aquilo que lhe impossibilitava de se fazer presente ali. Era um pouco como dor, mas também representava excesso. Excesso de tudo, excesso de vida, de medo, de angústia. Um excesso que lhe preenchera a face, os olhos, os cabelos. E nada podia dizer, nada queria fazer. Talvez deitar na cama e assistir a um filme legal, uma comédia sem sal. Ou talvez simplesmente se encolher em cima dos lençóis e chorar lágrimas de diamantes, lágrimas de pesadelo. Sonhos ruins que a seguiam, pessoas que lhe deslizavam, como cobras rastejantes em uma bacia com sabão. Por que não gritou? Porque o tempo não lhe permitia vida sem som, nem palavras de dor.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
É menor do que parece...
Eu acho que sempre disse coisas, sempre disse muitas coisas em meu silêncio preocupante, em meus choros escondidos. Creio ter dado muitos sinais, corporais, nos cortes em momentos em que eu esquecia de ser eu; ou nos poemas transparentes e com palavras humildes. Sempre critiquei o meu ser, recusava o meu eu. Mas ninguém viu. Ninguém me ouviu e então ninguém percebeu que lentamente eu dizia que chegava ao fim. Ninguém leu em meus lábios que a dor era tanta que eu não conseguia mais ser eu, que eu queria ser outra e que, como não poderia, deixei simplesmente não ser ninguém, ou desisti de ser alguém. Também não pensei que fosse loucura, ou não quis pensar que seria assim, enlouquecendo diariamente em minha inconstância, em meus desejos proibidos. Trancada no banheiro, colocando fora tudo o que preenche um vazio que eu não queria sentir, ou no quarto, gravando marcas que me prendem aqui. Aqui, como se não houvesse um fim.
sábado, 1 de outubro de 2011
Para ouvir ao som de Le Moulin
Shhh... Eu não quero te ser... Eu não quero me ser... Shhhh, me deixe só. E só, não me deixe jamais... Que teus olhos estejam cegos dentro de mim e que tua voz não me alcances mais... Shhh, me escute. Quero que me deixes em paz.
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