quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Os ombros suportam o mundo

  1. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.

    - Carlos Drummond de Andrade, Os ombros suportam o mundo.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Sobre amores platônicos

Ian estava com ciúme outra vez? Eu não devia gostar de emoções negativas, mas tive de admitir que aquilo era encorajador.
 - O Jared é o meu passado, outra vida. Você é o meu presente.
Ele ficou quieto por um momento. Quando falou novamente, sua voz estava irregular de emoção.
 - E o seu futuro, se você quiser.
 - Sim, por favor.
E então ele me beijou da maneira menos platônica possível sob as abarrotadas circunstâncias.

- Stephanie Meyer, in A hospedeira, p. 553.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Quanto vale um amor?

O que tornava este amor humano muito mais desejável para mim que o amor da minha própria espécie? Seria porque era exclusivo e caprichoso? (...) Será que eu necessitava de um desafio maior? Este amor era enganoso; não tinha regras estritas invariáveis - podia ser dado de graça, como com Jamie, ou ser obtido mediante tempo e muito trabalho, como com Ian, ou ser completa e dolorosamente inalcançável, como com Jared. Ou simplesmente este amor de algum modo era melhor? Será que porque os humanos podiam odiar com tanta fúria, o outro lado do espectro lhes permitia que pudessem amar  com mais coração, ardor e fogo? Eu não sabia por que desejara tão desesperadamente experimentá-lo. Tudo o que sabia, agora que o experimentara, é que valia todo grama de risco e angústia que custava. Era melhor do que havia imaginado. Era tudo.

- Stephanie Meyer, in A hospedeira, p. 426.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sobre corações partidos


Eu conhecia o exagero humano para a tristeza – o coração partido. Melanie lembrava-se de usar ela mesma a expressão. Mas eu sempre tinha pensado que era uma hipérbole, uma descrição tradicional para algo que não tinha nenhum vínculo fisiológico real, como o dedo verde. Assim, eu não estava esperando uma dor em meu peito. A náusea, sim, o nó na minha garganta, sim, e, também, as lágrimas queimando meus olhos. Mas o que era aquela sensação de dilaceramento bem debaixo de meu peito?

- Stephanie Meyer, in A hospedeira, p. 171.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sobre sentir

Pisquei para eliminar a umidade indesejada em meus olhos. Eu não sabia quanto mais poderia aguentar. Como alguém sobrevivia neste mundo, com esses corpos cujas lembranças não ficavam no passado, como deveriam? Com essas emoções tão fortes, que eu já nem podia mais saber o que eu sentia?

- Stephanie Meyer, in A hospedeira, p. 38.