... hão de passar...
Porque tudo passa, tudo sempre passará!
Eis o tempo, grande mistério da vida, digno de lágrimas e sorrisos... Qual a parte da sua vida que o tempo não deixará para trás?!
Versos, poemas e canções...
Sejam quais forem as mais belas palavras de qualquer escritor... Basta que o tempo as sigam e pronto, imortalidade nunca mais.
Supere isto. E se não puder, supere o vício de falar a respeito (Caio Fernando Abreu). ESCREVA.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Crônica: A garota que perguntava.
por Ana Laura Nahas
- Você pergunta demais.
- Você acha?
Era cedo, estava claro à sombra do Mestre Álvaro, e ele estava certo: ela de fato terminava cada frase com uma interrogação, às vezes mais de uma. Olhava os olhos dele à espera da resposta, esperava. Tinha dúvidas sobre as vontades dele e seu destino, os desejos dele e seu paradeiro na noite anterior. Queria saber em que momento ele escapava do que parecia real e entrava num mundo em que não havia relógio, promessa ou encontro marcado, e movido a quê.
Queria saber do passado, e da próxima terça-feira. Queria saber dos sentimentos dele, um depois o outro, se coração ou o mais imediato dos prazeres, se interesse ou indiferença, se planos ou apenas diversão quando não houvesse mais nada, se estar de verdade ou só parecer que sim. Queria saber quase tudo sobre quase todas as coisas que verdadeiramente contavam, a essência de preferência, o que caminhos, quais caprichos, onde projetos, como sonhos, por quanto tempo.
Daí perguntava.
Acreditava na imensa possibilidade das perguntas, na capacidade de dançar que elas tinham, desregradas, disponíveis, desimpedidas e ilimitadas. Acreditava que as interrogações, como as ideias, os botecos e as canções, faziam do mundo um lugar mais interessante e, talvez, um tanto melhor que este de castelos e coronéis maranhenses, vírus H1N1 e bactérias da lipoaspiração, pouco de afeto e menos ainda de sentido.
Acreditava no que havia lido outro dia, que perguntar era mais libertador do que responder, que as perguntas certamente faziam entender o mundo melhor do que as respostas, permitiam formular e expressar os pensamentos mais absurdos sem ser acusado de inconsistência ou coisa do tipo. Acreditava, igualmente, na autoridade de uma questão como aquela outra, vinda do mesmo lugar: "O que resta de nós nos objetos que deixamos para trás?".
Daí perguntava.
Diante das respostas, sorria o riso escancarado dos dias de sol, os acordes maiores do velho piano do quarto, a alegria incontida dos discos da caixa de madeira, "no sé dónde acomodarte, no sé de qué color pintarte, lo quiero hacer es salir a bailar un poco"; pensava um pouco e dizia tantas outras questões quanto o bom senso, as horas e o sono permitissem.
- Você pergunta demais.
- Você acha?
- Você pergunta demais.
- Você acha?
Era cedo, estava claro à sombra do Mestre Álvaro, e ele estava certo: ela de fato terminava cada frase com uma interrogação, às vezes mais de uma. Olhava os olhos dele à espera da resposta, esperava. Tinha dúvidas sobre as vontades dele e seu destino, os desejos dele e seu paradeiro na noite anterior. Queria saber em que momento ele escapava do que parecia real e entrava num mundo em que não havia relógio, promessa ou encontro marcado, e movido a quê.
Queria saber do passado, e da próxima terça-feira. Queria saber dos sentimentos dele, um depois o outro, se coração ou o mais imediato dos prazeres, se interesse ou indiferença, se planos ou apenas diversão quando não houvesse mais nada, se estar de verdade ou só parecer que sim. Queria saber quase tudo sobre quase todas as coisas que verdadeiramente contavam, a essência de preferência, o que caminhos, quais caprichos, onde projetos, como sonhos, por quanto tempo.
Daí perguntava.
Acreditava na imensa possibilidade das perguntas, na capacidade de dançar que elas tinham, desregradas, disponíveis, desimpedidas e ilimitadas. Acreditava que as interrogações, como as ideias, os botecos e as canções, faziam do mundo um lugar mais interessante e, talvez, um tanto melhor que este de castelos e coronéis maranhenses, vírus H1N1 e bactérias da lipoaspiração, pouco de afeto e menos ainda de sentido.
Acreditava no que havia lido outro dia, que perguntar era mais libertador do que responder, que as perguntas certamente faziam entender o mundo melhor do que as respostas, permitiam formular e expressar os pensamentos mais absurdos sem ser acusado de inconsistência ou coisa do tipo. Acreditava, igualmente, na autoridade de uma questão como aquela outra, vinda do mesmo lugar: "O que resta de nós nos objetos que deixamos para trás?".
Daí perguntava.
Diante das respostas, sorria o riso escancarado dos dias de sol, os acordes maiores do velho piano do quarto, a alegria incontida dos discos da caixa de madeira, "no sé dónde acomodarte, no sé de qué color pintarte, lo quiero hacer es salir a bailar un poco"; pensava um pouco e dizia tantas outras questões quanto o bom senso, as horas e o sono permitissem.
- Você pergunta demais.
- Você acha?
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Entrelinhas
"Eu não ensino e não mando.
Ensinando sai cópia, mandando sai escravo.
Eu transmito meu espírito”.
Ensinando sai cópia, mandando sai escravo.
Eu transmito meu espírito”.
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