quinta-feira, 21 de julho de 2011

Poema (in)acabado

Se escolhesses fechar os olhos
no tempo ainda reviverias,
da mesma forma com que fechareis a porta diante do novo.
És medo? Tens medo?
Ou da mesma forma, foges daquilo tudo que não conheceis, mas desejais?
Se não fostes tu mesmo quem escolheu,
então feche os olhos e me deixe.
Deixe, como já fizerdes outras vezes,
com outras histórias,
com outros contos e em outras realidades.
Não te permites sonhar?
Não te permites deixar encantar?
Se proponho-te novo encontro, não me procuras por quê?
Porque tens medo de mim,
porque tens medo de ti.
E nada resta se, de tudo o que deixardes, nada for teu.
Se não colocardes verdadeiramente tua alma em perigo,
então temerás eternamente que não te olhem,
que não te toquem
e que chegue ao fim do mundo como pássaro sem asas,
como mentira que sai de boca limpa,
lágrima de olhos claros.
Mas ainda assim esperas por outrem.
Sonha com um novo, mas novo é sempre novo por um triz,
é sempre partida inesperada, vida roubada
e encanto sem fim, escrito no chão com giz
para que de nada te esqueças na próxima vez,
porque a espera, sem loucura,
sem passo na estrada.
Esperais por nova vida, mas não a persegue.
Senta e espera.
Espera pelo que vier,
pelo que a ti trouxerem,
para só então provar de teu próprio veneno e esperar.
Olha! Não percas o encanto!
Se nada te sustentas, venha até mim!
Beija minha boca,
toca minhas mãos,
olha em meus olhos...
Mas não digas que me ama!
Não digas que comigo ficarás até o fim,
pois ele está próximo demais...
Ele (o tempo) não esperas por vós.
E se os mares pegarem fogo,
se as estrelas girarem ao contrário,
ainda assim não me esqueças,
mas não me ame!
Não me espere!
Não me encontre!
Não me busque, desde que queira morrer comigo,
queimar comigo,
como se fosse canção de amor composta em volta ao fogo,
em noite sem lua.
Que arde,
que queima,
que fumega em cinzas sem ser fênix.
Amor, que se apaga apenas quando do fim.
O amor te esperava!
Te esperava porque sempre esperou!
Nada és além de desejo!
Nada queres além de paixão!
Nada esperas além de tesão!
E então, meu bem, sorria!
Sorria, como se fosse o começo!
Sorria, como se fosse o fim!
E só então me deixe,
sem fim.

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