terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A porta encostada e a luz acesa

Hoje encerrei uma terapia. Cheguei lá pesada. Farta. Cansada. Passei pouco mais de um ano me livrando pouco a pouco da poeira em excesso, me livrando aos pouquinhos dos cacos que sobravam, que não tinham mais encaixe. Ao longo desse um ano fui me livrando do que não me servia mais. Abandonei o jeans 34, o medo de engordar, a inconstância para morrer. Fui abandonando aos poucos algumas de minhas obsessões e me abrindo para algumas outras liberdades. Aprendi a comer tudo o que queria, a me despedir dos receios, a desviar das pressões desnecessárias. Em tempos, deixei uma seção - a última! - engolindo o choro e dizendo que eu não podia dizer nada. Hoje não. Apenas que eu tenho um certo receio - um medo mesmo - de que eu não seja capaz de fazer sozinha, porque não teria sido em momento anterior. "Às vezes, é só medo". Sim, pode ser. Apenas medo. Mas pode ser que não. E se não for, obrigada por deixar a porta encostada e a luz acesa.

Eu não sei dizer o que é isso que me esmaga, isso que tenta de todas as formas possíveis me fazer sumir, desaparecer, perder. Eu não sei bem como é não sentir assim, como é conseguir ir mais leve, poder viver mais essa liberdade que eu sei que tenho, mas que me parece longe demais. Isso que vai e que volta, e que insiste em sempre desarrumar a casa, logo depois que eu guardei a vassoura e tranquei o portão.

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