domingo, 29 de julho de 2018

Da dor do sentente...

O olhar da janela e apenas mais do mesmo. Era o mesmo sol de todos os dias, aquela mesma brisa do mar que entrava pela janela todas as manhãs, quando ela a abria ainda semi nua, porque ninguém a via. Mas fazia um tempo que alguma coisa vinha mudando. Ela andava mais agitada, e sempre havia algo no peito que pulsava num ritmo insaciável, era como se houvesse sempre algo por fazer. Ansiedade, diriam. Mas não se parecia apenas com isso, era como se algo mais pulsasse em sua fronte todas as noites e quando acordava, pela manhã, tinha sempre alguma coisa entalada na garganta, algo que ficou preso em algum sonho incompleto. Fazia tempos que não conseguia se lembrar deles. Depois das inquietações perdia as palavras, se perdia no meio de respostas infantis demais para suas próprias perguntas, bobas e inconsistentes. Incoerentes. Havia um vale de medo, um abismo infinito, e todas essas redundâncias que poderíamos utilizar para criar um efeito totalmente desnecessário. Havia um edifício maior no meio de todos aqueles edifícios, entre aquelas janelas, cujas a brisa insistia em entrar com a primeira faísca de sol da manhã, para bater em seu corpo tatuado e semi nu. Por que ela não sentia, meu deus, por que ela não se sentia? Por que todas as paredes começaram a se fechar e, de repente, nenhuma cor mais fazia sentido?

Era igual caranguejo. Se escondia dentro do casco. Ameaçada? Pra dentro do casco. Com frio? Pra dentro do casco. Perdida, sem ninguém? Pra dentro casco. A vida toda dentro do casco.

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