sábado, 9 de agosto de 2014

Pra esses dias de viver... Mude!

Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa, mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por um tempo o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente pela praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama… depois, procure dormir em outra cama.
Assista a outros programas de tv, compre outros jornais… leia outros tipos de livros.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas
cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia, o novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor, a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome um novo tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado… outra marca de sabonete, outro creme dental… tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar outro emprego, uma
nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino.Experimente coisas novas.
Troque novamente. Mude de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores de que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda!

(Clarice Lispector)

Medo da verdade

Às vezes, é a verdade que você tenta não enfrentar, ou a verdade que vai mudar sua vida.
Às vezes, é a verdade que está chegando há muito tempo.. ou a verdade que nunca deveria ver a luz do dia.
Algumas verdades podem não ser ouvidas como gostaríamos.
Mas elas permanecem, bem depois de serem ditas.
Mas o tipo de verdade que eu mais tenho medo, é aquela que você não percebe, que cai bem no seu colo.

- Gossip Girl

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Grande

Grande, grande, grande. Tudo ficando grande, imenso, aqui na minha frente, aqui no meu corpo, aqui nas minhas roupas. Eu, ficando grande demais para essas quatro paredes brancas. Grande e excessiva, grande e intolerável. Não cabendo mais nas roupas, não cabendo mais nessa vida. Tudo em excesso, à beira da explosão. Sentimentos que sobram, não se satisfazem nunca, jamais se completam.
Desespero.

Sem sentido

Hoje vejo como nossa sociedade está doente, tentando controlar o corpo já que os problemas a gente não controla.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sobre o que sinto e não posso pensar

Não aguento mais isso!!! _ dizemos a nós mesmos. _ Vá trabalhar que isso passa! (você já ouviu um ditado que diz que “cabeça vazia é a oficina do diabo”?)
E a voz dentro de nós não desiste: _ Vá se divertir! Ou... vá comer! Ou... FAÇA QUALQUER COISA... entre na droga da máquina de curar loucura! Faça qualquer coisa... menos ficar no meio desse horrendo lugar de não saber. Fuja do vazio! Faça!... Faça!... Faça! ...Faça!... Faça!... assim é o som da nossa máquina... como se assim, a cada ação, bombeássemos um pouco de loucura para fora de nossos assustadores poços... (será?)
Se pudéssemos ficar, e juntar as pecinhas aos poucos... Ah, se pudéssemos nos aquietar um pouco a mente, sem tantas cobranças, sem tanta tortura, sem tanto peso. Se pudéssemos conviver com a nossa angústia, um pouco que fosse, se a pegássemos no colo como pegamos a um bebezinho assustado, até que ela se acalmasse encontrando nosso peito... E se pudéssemos escutar os batimentos de nosso coração, até que aquele ritmo de vida nos acalmasse, em breve saberíamos... não há como não saber.
Se conseguíssemos transformar a cobrança rígida por respostas em uma oportunidade de descobrir algo novo, de desvendar um mistério... com aquela excitação gostosa que temos quando crianças... tudo seria mais fácil, eu sei que seria.

"A verdade é que temos medo do caos, temos medo do que não sabemos, temos medo e sentimos angústia frente à falta de respostas que tantas vezes nos assombra. Tememos o que parece ser a nossa própria loucura, tudo o que foge dos controles que aprendemos a associar à razão" (Michel Foucault).