Não suporto padrões. Talvez seja por isso que tenha feito tanta terapia. Já tentei me adaptar em todos os padrões possíveis: já fui punk e patty, já usei calça rasgada e clips na orelha. Gostei de rock e dance, até de samba e pagode. Enfim, já tentei ser de tudo um pouco. No final das contas, nunca fui nada. Nada do que eu realmente quis ser, nada do que realmente sou, nada de essência, nada de felicidade. Fui uma mistura de tudo que quase sempre tentei me enquadrar, para agradar família, amigos, sociedade. Essa tal sociedade que impõe valores que desvalorizam o ser humano, que nos tornam soldados de um mesmo exército, idênticos, mesmo quando a moda é ser diferente. Fui tudo aquilo que quase sempre evitei, fui o contrário, fui o vazio dos meus próprios passos. E hoje, deu no que deu, sou o que sou: cheia de medos, fobias, complexos, traumas e baixa auto-estima.
Depois de algum tempo de divã e muitas lágrimas, resolvi chutar o pau da barraca, como se diz por aí; e admitir que fui o que não quis e que hoje tenho que ser o que sou, custe o que custar, doa a quem doer. Deixei minha timidez de lado, entrei no teatro e me tornei atriz. Vou a festas de música eletrônica, mas todos sabem que gosto mesmo é de Bossa Nova. Outras coisas já não saio contando por aí. Coloquei meus piercings, pintei meu cabelo e adotei o estilo que me faz feliz. E, embora continue com meus complexos, me acho um pouco mais interessante. Um pouco só. Se não me enquadro nos padrões exigidos, quem se importa? Eu não me importo mais. Descobri que o pior é não se enquadrar em nós mesmos.
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