sábado, 28 de julho de 2012

Um dia, no Rio...

Sair de casa e viajar. Viajar, viajar muito. “Eu quero conhecer o Cristo”. Porque queria mesmo ver o Cristo Redentor, o Rio de Janeiro... Ah, o Rio de Janeiro. Terra de areia, gotas de mar nos cabelos, o sol na face trazia a brisa do mar. “Não, não andei tudo isto para não entrar”. Oxalá os pés aguentassem correr mais, mas bolhas grudam nos sapatos. O mendigo espancado no Porto do Rio talvez merecesse meus sapatos: eles não me machucariam mais e eu teria feito uma boa ação. Mas que ação seria maior do que se tivesse lhe ajudado? Pedi para não baterem, mas ouvi um não e diante do não, eu recuei. Recuei como cachorro vira lata que come carne podre do chão. Eram mil, eram um milhão. Como em um sonho, milhões de crianças de rua choravam e me pediam comida. Mas eu não tinha. A história era triste, mas não inventada. Talvez fosse retalhada, desavisada, inconformada; mas nunca inventada. E eu queria dar a cada um deles um pedaço de meu sanduíche natural integral. Não! Um copo de coca-cola com vodka, porque na noite fria e úmida, prostituição poderia levar à euforia e nunca diriam que não. Amor de mãe? Tesão de pai? Nunca sonharam com um carinho despretensioso, aquelas crianças. Des-pretender o quê?! Se o fim lhes viesse, era o fim também para mim que os observava sem querer observar. Olhos fechados, a baba escorrendo no queixo e pelo travesseiro. Morte ou Amor? Fodam-se as linhas tortas, dane-se o choro engolido. Se te amei foi por um copo de vodka e um pouco de vinho branco suave, por favor. Como pular de um muro no alto do Cristo Redentor e gritar, até acabar, até me acabar. No limite do horizonte, ali eu também, caindo livre.

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