Supere isto. E se não puder, supere o vício de falar a respeito (Caio Fernando Abreu). ESCREVA.
segunda-feira, 4 de junho de 2012
Mulher maior.
Assim fui uma mulher maior. Maior do que a vida. Cicatrizes e experiências. Quebrando e reconstruindo. Rasgando e recosturando. Digerindo e reciclando. Acrescentei balas à minha audácia. Espadas à minha paixão. Uma receita para cada limite da vida. Ultrapasso. E uma camada a mais atravessada. No final, sou uma mulher maior. A gente passa por muita coisa para chegar lá.
-Santiago Nazarian, in A morte sem nome.
domingo, 3 de junho de 2012
Mistério profundo
Você está
Fechada em seu próprio mundo
Sem luz, sem ar, sem futuro
Se eu deixar
Vai mais fundo
Vai fundo
Eu não vou te alcançar
- Nenhum de Nós, in Mistério Profundo
Sozinha.
Um minuto de silêncio. Mais um dia de solidão.
Deixem-me sozinha, deixe-me aqui.
Quero não precisar falar, não precisar cantar.
Deixem-me sozinha, para pensar.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
Disse, diga, que não.
Como nunca olharam? Como nunca perguntaram o que foi? Como nunca disseram que acabaria? Como voltariam? Como me diziam para comer e fechar a boca? Como me induziam a sorrir? Como engolir o choro? Como respirar com a mão em minha garganta? Sufocando-me, preenchendo-me, sufocando-me com afetos indiscretos, como palavras não-desejadas... Sugando-me a alma e o coração, mentindo com mentiras descaradas. E eu calando. Consentindo, dizendo que tudo ficaria bem, dizendo a mim mesma que eu não era aquilo, que não queria que fizessem nada comigo, que não era justo, que não deveria continuar assim, que eu precisava de ajuda, que não, não, não, não.
Silêncio, que dizias?
Hoje eu sei, me amavam. Mas nunca me disseram.
Com o olhar transbordado em problemas não me viam, pois eu era pequena e translúcida demais.
Nunca disseram que estariam comigo, por ali, caso eu precisasse.
Nunca me contaram como meus cabelos eram macios, o quanto meus olhos eram verdes e bonitos.
Eu pensava que não me viam. Depois, eu própria me negligenciava.
Eu me deixava escorrer pelas mãos de todos que me tocavam, me apertavam, esmagavam e deixavam-me sozinha pelo chão.
Fui um cordão escorregadio e encardido.
Fui um pedaço de papel que voou, voou longe, longe, querendo ser pássaro, mas sendo folha seca em primavera.
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