sexta-feira, 1 de junho de 2012

Silêncio, que dizias?

Hoje eu sei, me amavam. Mas nunca me disseram. Com o olhar transbordado em problemas não me viam, pois eu era pequena e translúcida demais. Nunca disseram que estariam comigo, por ali, caso eu precisasse. Nunca me contaram como meus cabelos eram macios, o quanto meus olhos eram verdes e bonitos. Eu pensava que não me viam. Depois, eu própria me negligenciava. Eu me deixava escorrer pelas mãos de todos que me tocavam, me apertavam, esmagavam e deixavam-me sozinha pelo chão. Fui um cordão escorregadio e encardido. Fui um pedaço de papel que voou, voou longe, longe, querendo ser pássaro, mas sendo folha seca em primavera.

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