terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Velhos sentimentos

Naquela noite encostou a cabeça no travesseiro e fechou seus olhos. Junto às lágrimas, as velhas perguntas voltam a perturbar. Novamente seus pensamentos voltaram para uma tarde de verão que ela pensava já ter afastado da memória, uma tarde que por anos infindáveis ficou esquecida. Não que a tivesse abandonado de vez, porque sabia, por todos os seus dias, que algo estava errado, que uma parte de si ainda faltava, mas isto não a incomodava por não saber exatamente o que era e por não ter curiosidade (ou coragem) suficiente para buscar. Porém, quando tudo voltou, quando tudo finalmente fez o saco velho repleto de mentiras, culpas e desculpas se rasgar em mil pedaços que voaram soltos por aí, ela precisou encarar a realidade e jogar o jogo jogado por ele tempos atrás, quando ainda era jovem demais para entender como as regras o favoreciam e velha demais para, mais tarde, não saber do que se tratara. São velhos sentimentos, mortos e enterrados que voltam a assombrar, mesmo após um dia em que, num momento de fraqueza e de sinceridade extremas, se sentira acolhida como uma menina e seu urso e dividiu com um outro alguém palavras que outrora não ousava dividir nem consigo mesma, mas que entendia que o silêncio perpetuava um jogo que não era mais apenas seu.

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