Eu queria contar, mas contar era impossível. Contar era muito difícil, porque era como assumir uma fraqueza e assumir que não se é capaz é muito doloroso. Ela me olhou no fundo dos olhos e não pude suportar aquele olhar castanho e penetrante. Sim, eu disse. Eu disse que sim. Porque sabia que havia um problema, que eu era um problema e que tudo o que eu vivia era como uma mentira. Eu não podia deixar que olhasse em meus olhos como se fosse, como se pudesse, desvendar todos os meus segredos, todos os meus mistérios, porque assim eu teria uma vida aberta e não havia nada pior que um livro aberto para o destino. Porque é medo de que todos saibam que a imagem forte é mentira, que a boa menina não existe e que o que fiz que todos acreditassem não é real.
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