Eu aprendi a guardá-lo em meus dedos. Pedaços pequenos. Que nem me lembro mais da cor dos seus cabelos. Eu aprendi a esquecer todo o resto. Deixar pra trás. Guardar apenas as histórias que eu poderia contar. Aqui embaixo, você não cabe. Embaixo das unhas, atrás da orelha, entre brechas, ocupa um espaço. É tudo o que tenho. Eu aprendi a guardar seus pedaços, pequenos, e deixar o resto pra trás. O que aprendeu comigo? O que aprenderá ainda? Esqueça-se do que não teve. Esqueça minha cor de cabelo. Esqueça porque eu já parti. E não voltarei. E não voltarei. Lembre-se disso.
No final, do amor só sobra isso. Sujeira embaixo das unhas.(...)É o que levo comigo. É o que me lembra você. É o que me faz pensar, e lembrar, e lembrar, e lembrar. É sua história comigo. Sua participação especial. Seu pedaço está comigo. É toda sua vida no que resta da minha.
Nada resta da minha. Nada resta de você. Apenas palavras para lembrar. Dê um nome pra mim. Esqueça todo o resto. Ninguém acompanha você até o fim. Até o fim dessa história, eu encontro um caminho.
Solto seus cabelos, cuspo seus beijos, urino seu esperma, esfrego seu abraço. Para que querer mais? As mulheres que pedem demais acabam sem nada. Eu nunca exigi. Trago sua pele embaixo das unhas. Tenho sua história em meus dedos. Não o prendo. Não o seguro. Esqueça. Me esqueça. Solto seus cabelos, cuspo seus beijos, seco suas lágrimas e apodreço suas flores. Esqueça. Esqueça.
- Santiago Nazarian, in A Morte sem nome.
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