Supere isto. E se não puder, supere o vício de falar a respeito (Caio Fernando Abreu). ESCREVA.
terça-feira, 4 de junho de 2013
Por você
Ela era uma menina com seus sonhos. Experiências fechadas em uma embrulho de papel colorido e fita crepe. Tantas e tantas vezes permitiu que falassem por si, tantas e tantas vezes deixou que calassem sua boca como se fecha o zíper de uma bolsa, o botão de uma rosa - forçada, pressionada. Mas não minta agora, ah, agora não, por favor, princesa. Nós sabemos que os tempos estão difíceis para você, todos nós sabemos. Sabemos também que quando as coisas apertam tanto que parece que você vai estourar e desmontar você coloca um par de tênis e tenta fugir do mundo, você pega a bicicleta e se torna uma garota com seus tênis ou com sua bicicleta. Mas não minta que correu demais, não negue que correu velozmente, até as lágrimas embaçarem as lentes de contato, não vá fingir que não percebeu as gotas que voavam, pequenas gotículas de gelo, de seus olhos para trás, se partindo no asfalto. Não, por favor, meu bem, não negue mais que toda essa preocupação com o peso, contas infinitas de calorias e mais calorias, não é uma tentativa desesperada de emagrecer até diminuir, diminuir, até sumir. Também, não tente dizer que todas as tuas palavras não foram delicadamente cuidadas, que não houveram longas horas de soluços, e que mesmo quando você liga só para dizer que os ama não quer dizer também que precisa que se importem mais e mais... Um pouquinho mais. Que você precisa disto agora, que você não pode mais continuar com teus segredos, com tuas mentiras, com teus disfarces de garota feliz. Somente desta vez, apenas agora, princesa, se recuse a usar a máscara sorridente, recuse-se a erguer a cabeça e mostrar para o mundo que não importa o que aconteça você continuará sempre forte, em pé. Deixe-se abater, por favor, por você. Deixe-se derrubar, contarem ao menos uma vez com tua imprevisibilidade. Mostre-lhes algo que eles não sabem. Mas não desista. De forma alguma estou te pedindo para desistir. Não, nunca. Eu sei que o barco está furado e sei que você também sabe, mas continue remando. Porque te ver remando os incentiva a remarem também. Mas reme diferente. Entregue as pontas para construir um novo começo. Entregue as cartas do jogo antes de perder todas para o destino. Amarre-se com paixão àquele pedacinho de felicidade que ainda consegues ver no brilho dos olhos dos velhinhos, na covinha do cantinho do sorriso do teu irmão. Queira ser você, mostrar você, amar você. Não, não desista. Persista - por você.
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