sexta-feira, 6 de junho de 2014

Como é quando não se sabe como ser

O primeiro impulso não foi teu. Vai e exita. Para, pensa, sabe que não é bom. O impulso vem de novo, involuntário. Você não resiste. Puxa a tampa, cospe. Só isso. Fecha a tampa, mas ele volta. E aí você não resiste. Volta e força. Força tudo, até o fim. A garganta irrita, os olhos ficam vermelhos, a coriza no nariz, os gargarejos. Desta vez não foi necessário mentir. Ninguém por perto, ninguém na cozinha, ninguém na lavanderia, ninguém. Só você. Você, seus pensamentos, suas ações. Culpa? Não. Satisfação? Também não. Você não sente nada, talvez um pouco de vergonha, mas só talvez. Evita olhar nos olhos, vai para o quarto, e lá se fecha com seus sentimentos e seus medos, com as angústias e (talvez) uma noite de pesadelos. Fim.

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