quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sobre dores e o Amor

Mas quando acontecer de algo ruim atravessar sua vida, saiba que todas as pessoas tem uma história ruim. No singular e no plural. E isso não é um consolo, mas veja bem, todos têm isso e ainda existem pessoas que sorriem e fazem sorrir. Que amam e espalham amor. Ainda existe esperança enquanto existir pessoas escondidas nas esquinas da vida para te dar a mão, desejar um bom dia ou te abraçar após um dia exaustivo. Enquanto você existir na sua história, sempre vai ter escapatória. Nada é insolúvel. Não existe absolutamente nada que não valha a pena.

Transforme dor em mudança. Eu me prometi que jamais iria ver alguém sofrer o que eu sofri, pelos mesmos motivos. Prometi que tentaria mudar o mundo, não porque quero meu nome estampado em algum lugar, mas porque se todo mundo desejar mudar o mundo, é capaz que ele realmente mude.

- In Cartas para Helena.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O que digo sem querer dizer

“Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não está cabendo só no meu”...

- Desconhecido

Sobre novos começos

Hoje iniciei mais um processo terapêutico. Sim, como pareceu, digo isto em tom de cansaço e com uma pitadinha de descrença. Há algum tempo que eu tenho pensado sobre isto... Se realmente "há um jeito", se as coisas vão se "ajeitar" em algum momento, seja lá qual for esse meu tempo. Mas, se busco, é também porque acredito que sim, que é possível, que quero tentar um pouco mais. Que quero poder dizer que estou tentando o bastante. Chega de "ser boa em tanta coisa e nem ao menos razoável nisto". Chega de promessas não cumpridas. Este é o cumprimento de uma promessa, logo, está sendo cumprida.
Cedo para poder dizer muitas coisas e/ou chegar a qualquer conclusão, ainda que parcial. Mas, duas constatações: "não sei se é azar ou sorte, mas você é muito inteligente, então se adapta muito fácil" e "me parece que você se sente na obrigação de retribuir a seus pais o fato deles serem muito legais com você".
Minha resposta para ambas: "Puff...", um suspiro, e um olhar cansado.

domingo, 26 de outubro de 2014

Oh, night....!

Oh beautiful release
Memories seep from my veins
Let me be empty
Oh and weightless and maybe
I'll find some peace tonight
(...)

So tired of the straight line
And everywhere you turn
There's vultures and thieves at your back
And the storm keeps on twisting
You keep on building the lies
That you make up for all that you lack
It don't make no difference
Escaping one last time
It's easier to believe in this sweet madness oh
This glorious sadness that brings me to my knees.


- Sarah McIachlan, in Angel.

domingo, 19 de outubro de 2014

Partir em silêncio II

“Não sei que nome tem, mas sei explicar. É esse sentimento que chega e invade, toma conta das minhas mãos, dos meus olhos, e de tudo o que eu penso”. E ele a beijou. Naquela noite, não tiraram os casacos. Chegaram da rua, caminharam entre o vento gelado exaustos, com as mãos geladas e o sangue fervendo, pulmões queimando. Seria um inverno rigoroso, a julgar pelas primeiras noites do outono. Mas se bastavam. Ela com seus olhos verdes brilhantes, ele com as mãos quentes e com suas calosidades. Os últimos meses exigiram muito de ambos, o dinheiro era pouco, os amigos em menor quantidade ainda. “São tempos difíceis para os sonhadores”, ele dissera certa noite. Ela se recusava a acreditar, mas sentia na pele e em seus ossos. Perdera muito peso no último mês, chegavam tarde e não havia nada para o jantar. Ele sabia que ela estava partindo, mas ainda assim queria protege-la. Jurou-lhe que a amaria até o fim, mas no fundo, egoísta, acreditava que seu fim seria antes do dela e agora tinha que aceitar a escrita confusa dos exames. Ela iria partir. Partiria, se não pudessem fazer alguma coisa, e na realidade nada havia a ser feito. A não ser esperar. E assim, esperaram. Passaram-se os dias, as semanas, os meses. Quase um ano se fora e ela ia partindo com eles. O brilho de seus olhos diminuía a cada dia, assim como seu bronzeado, que não voltara com o sol de verão. Ele passava o dia trabalhando, trazia seus remédios a noite, mas ela, deitada na cama, não resistia. Ela ia, como carros que passavam apressados pela frente do apartamento. Pouco a pouco ele percebia que existia sem ela e que, sem ela, seria sua existência em breve, mas se recusava a acreditar. Sempre deixava algumas lágrimas caírem na sopa, às vezes perdia a hora sentado olhando para sua imagem no espelho do banheiro. Como ela partiria?


Durante várias horas ele se imaginava sem ela, sempre que se deitava, para dormir. Tinha medo de tocá-la e quebra-la, tão frágil estava. Às vezes acordava assustado, próximo demais do rosto dela, da boca bem delineada que suspirava baixinho. Ele via, ela também chorava antes de dormir, mas nenhum dizia uma palavra ao outro. E assim foram seus últimos dias juntos: cada vez mais silêncio, cada dia mais calados. “Não se vá”, implorava baixinho, para que ela ouvisse, ou Deus, “sei lá”. Por quantos meses juntos ele daria sua vida? E se ela ficasse, o que mudaria naquela estória? Quando aquelas horas e dias de silêncio, iriam acabar?
Mais tarde, embora não muito, ela finalmente se fora. Em uma noite quente de verão, sem casacos, sem sopa, em silêncio. Respirara fundo e o deixara com uma rosa na mão, parado em pé na porta do quarto. “Olha, depois de tanto silêncio, eu queria dizer...”.

About recovery


And she said the hardest part about recovery is when you're not so sure you want to recover.

- In InThreatment

sábado, 18 de outubro de 2014

Num bater de asas

Como não prevemos? Como foi que deixamos acontecer, pequena?
Sem que nossos olhos estivessem atentos o suficiente, suas asas cresceram e ficaram tão fortes que você levantou voo. E voou, voou, voou... Voou tanto e tão depressa e para tão longe, que te perdemos de vista.
Seus olhos pequenos e cheios de vida se perderam pelo espaço quando estávamos desavisados. E você partiu. E aqueles olhos se foram. E as asas fortes, e os sonhos pulsantes.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Se fica

E de tudo isso, o que vai ficar?
Quem vai ficar?

Dois pés no chão, algumas folhas secas, um par de olhos tristes, e um tiquinho de emoção.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Se há de ter, que seja tudo

Não há de ser nada, mas sei que a madrugada acaba quando a Lua se perder.
Não há de ser nada, mas sei que de nada tudo sobrevive, mesmo quando não se tem mais espaços para dar aconchego à tua dor.
Não há de ser nada, mas, meu bem, acaba.

Não tentes mais acertar pedras no horizonte estando à janela de teu quarto. Quantas e quantas vezes já não as arremessastes? E quantas chegaram a teu objetivo? E quantas voltaram para ti? Quantas acertaram tua janela, teu vidro, teu rosto, tua alma? Não brinques de ser deus. Olha, ele não gosta. Olha, ele não aceita. Olha!, olha para você com um pouco mais de calma, com um pouco mais de alma. Olha para ti como se pudesses ir muito mais longe, ir muito mais leve. Aliás, te disseram, não é? "Se não for leve, que a vida leve"! Pois então, deixa partir. Nunca suficientemente leve como uma pluma, nunca como uma folha seca de jasmim caindo da janela do apartamento; mas pesada como rocha, como âncora de navio desgovernado que é arremessado ao mar. Que te freia. Algo tão grande que pode te frear por caminhos donde só tu és capaz de arrancar.
Deixas-te transbordar, meu bem. Não há como oferecer nem mais, nem menos do que tens - é tua limitação enquanto humana. Então, se o copo anda meio cheio, deixas que o esvaziem de vez. Porque estás tão cheia disso que transbordou, virou um bombardeio que se transpassou e atingiu alguém. Alguma coisa. Cheia de vida, mas quebrada por dentro. Cheia de tudo, mas vazia no entorno. Cheia de lembranças, recordações. Vazia de encontros, encantos. Repleta de cantos.
Ei, não há de ser nada... Então, vamos! Acaba, encerra antes que te cobrem com juros. Mas olha, chega de mentiras, sim? Pare de esconder, que quando te escondes a encontram justamente porque estás no escuro. Te pareces com todo mundo.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Premonições

Um sonho. Assustador.
Hospitais, médicos, exames, sons, bipes, bolsas de sangue e um coração.
Parando. Parando. Parado.
No fim, nenhum som.

sábado, 4 de outubro de 2014

Semana que vem...

A primeira frase a que presto atenção no seriado que está passando na televisão da academia, as 6h30 da manhã: "there are days that begin and end bad". Aliás, a personagem devia ter dito "there are weeks that begin and end bad". Tudo péssimo.
Não é que esteja evitando falar com ninguém. Aliás, estou sim. Mas é porque estou chateada, porque estou zangada e magoada. Com ninguém de forma pessoal. Nem mesmo comigo, desta vez. Só estou triste. Só estou querendo ficar quieta e sozinha. Precisando de "um tempo", sabe? Um tempo pra mim. Para descansar e não pensar; tentar deixar um pouco de lado essa semana, que foi bem difícil. Foi pancada atrás de pancada e ninguém me deu tempo de levantar e respirar. Já havia outro soco me esperando a postos, não me deixando reagir.

Preciso desse silêncio sem perguntas, sem respostas. Preciso deixar para lá esse somatório de coisas. Para além do que falei, para além do que ouvi, para além das coisas no escritório, para além da violência que tenho visto nessa cidade e do quanto estou impressionada. Aliás, pressionada.
Mesmo que, isoladas, sejam coisas pequenininhas. Se tornam gigantes, não é? E por mais que eu grite e chore, só me vem o eco de minhas próprias palavras. Mas é só isso, só por enquanto. Só. Por enquanto.
Mas vai ficar bem, não é? Semana que vem, quando estiver de volta...

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Pessoas verdadeiras

Para conseguir a amizade de uma pessoa digna é preciso desenvolvermos em nós mesmos as qualidades que naquela admiramos.
Você não conhece as pessoas, você conhece as partes que elas permitem que você veja.
Se tem uma coisa que eu sei nessa vida, é que algumas pessoas você só consegue amar e amar e amar, não importa o que aconteça.

- Atribuído a Caio Fernando Abreu.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

(es)Vazia

Até quando vais continuar achando que "nãos" não respeitados foram "sins"? Até quando vais achar que não pôs os limites? Que és responsável? Até quando esgotar até o último pensamento se cobrando por o que não estava em tuas mãos, como se tivesses perdido um cristal, frágil e terno, como aquele teu último sorriso?
Mas olha, olha para ti com um tiquinho mais de carinho. Perdoa-te. Não importa se é a milésima vez! Mesmo que fosse a milionésima, ainda assim devias fazê-lo. Ei, querida, tira esse peso das costas, porque ele tem sufocado também o seu coração, seus pulmões. O pulso em disparada. Em nada te acrescenta, mas em tudo te preenche. Não deixa lacunas.