A cidade, no domingo, as 8h da manhã, é um deserto. Um
deserto gelado e coberto de névoa em uma típica manhã de outono. Pelas ruas
apenas os cachorros, dormem encolhidos e próximos ao meio-fio. Sequer se
assustam com meus passos apressados e minha respiração ofegante por conta de um
cooper matinal no ar rarefeito de
abril. A grama invade calçadas em ruas pouco habitadas, ou seria o asfalto,
cruel e gelado, adentrando os pequenos muros de divisão da modernidade e o inveterado
passado? O assobio do trem, as 9h da manhã... Corre, corre... Descarrega e
carrega caixas empilhadas. Não mais os antigos moradores, não mais os trabalhadores
ferroviários, não mais mãos balançando um adeus, não mais o passado. Porque o
passado ficou no passado e, assim como eu, foi se despedindo da antiga cidade.
Pois que vou me despedindo... Talvez nunca a tenha habitado verdadeiramente,
mas sem dúvidas me habituei a ela. Terra gelada e aconchegante. Vento cortante
e envolvente. Noites silenciosas e insones. Tantos e tantos contrastes
englobados em um único substantivo próprio: Irati.
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