domingo, 21 de abril de 2013

Dizendo adeus...


A cidade, no domingo, as 8h da manhã, é um deserto. Um deserto gelado e coberto de névoa em uma típica manhã de outono. Pelas ruas apenas os cachorros, dormem encolhidos e próximos ao meio-fio. Sequer se assustam com meus passos apressados e minha respiração ofegante por conta de um cooper matinal no ar rarefeito de abril. A grama invade calçadas em ruas pouco habitadas, ou seria o asfalto, cruel e gelado, adentrando os pequenos muros de divisão da modernidade e o inveterado passado? O assobio do trem, as 9h da manhã... Corre, corre... Descarrega e carrega caixas empilhadas. Não mais os antigos moradores, não mais os trabalhadores ferroviários, não mais mãos balançando um adeus, não mais o passado. Porque o passado ficou no passado e, assim como eu, foi se despedindo da antiga cidade. Pois que vou me despedindo... Talvez nunca a tenha habitado verdadeiramente, mas sem dúvidas me habituei a ela. Terra gelada e aconchegante. Vento cortante e envolvente. Noites silenciosas e insones. Tantos e tantos contrastes englobados em um único substantivo próprio: Irati.


Nenhum comentário: