terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Historinha para acordar






Era uma vez uma menina feliz. Feliz e gordinha.

Ela foi levada ao endocrinologista para receber sua primeira dieta aos sete anos. Meio pedaço de carne magra. Uma colher de arroz. Na sala de aula, recebeu os primeiros apelidos...”hipopótama”... pudim de banha. Marginalizada pelos colegas e por quê? Por uma característica física. A dieta, previsivelmente, não surtiu efeito. A mãe então apela para chás amargos, água de berinjela, suco de couve (“diz que derrete gordura”) . Quando mais dieta faz, mais gorda fica. Sempre imersa até o pescoço nos palpites, conselhos e dicas bem intencionados da vizinha, da amiga da comadre... Sempre um comentário. Sempre o corpo. Sempre o peso. Já adolescente, ao olhar no espelho, sente asco. Repulsa. Abominação. Resolve que vai emagrecer, e dessa vez é para valer.


“Já almocei, mãe!”

“Estou sem fome, mãe!”

“Tô meio enjoada, não vou jantar hoje, mãe!”

E eis o truque do desaparecimento. Todos viram, ninguém enxergou. E a menina se transformou numa carcaça do que um dia fora aquela criança cheia de vida, alegria, sonhos e saúde.

Então começa a contradição. Todos os que lhe diziam “não coma, não coma”, agora lhe imploravam “coma, por favor”... E ah, sim, ela comeu!


Ela comeu a angústia, ela comeu a raiva, ela comeu a tristeza, ela comeu a vergonha, ela comeu o amor e a aceitação que solicitou e nunca recebeu.

Sentiu que não devia ter feito aquilo. Vomitou. E assim nasceu seu ciclo particular de automutilação, solidão e melancolia que ninguém adentra...e que ninguém conhece... só ela.


***PÁRA TUDO***


Mas, olha só, vamos rebobinar?

- Ao invés de chamar a criança de gorda e recriminá-la por causa disso, façamo-as sentir que ela é querida e amada independentemente da sua aparência.

- Vamos separar o que é beleza, o que é magreza e o que é saúde (SIM, são coisas diferentes.)

- Vamos ensinar aos pequenos que existem muitos tipos de corpos do mundo e que a beleza está na diversidade.

- Vamos focar na qualidade da alimentação e não no peso.

- Vamos dissipar o tabu em torno das guloseimas... de vez em quando pode, é gostoso e não é proibido para ninguém.

- Eduque, incentive e converse com sua filha (ou filho) de forma POSITIVA e enaltecendo suas conquistas e qualidades.

Vamos rebobinar?

Imaginem quantas vidas poderíamos salvar?

Retirado de Não sou exposição

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