terça-feira, 17 de setembro de 2013

O dia antes de amanhã

Dia de calmaria após a tempestade noturna. Assim é hoje. Dias em que o hoje justifica o ontem. Só isso, assim. Também aqui dentro. Dia alto astral depois de outro dia de deprê total, de cama, cobertores, janelas fechadas. Ausência de vida e excesso de silêncio. Assim foi ontem, não mais hoje. Mais uma confissão no final do dia para dizer quem é que está no controle e quem pode fazer o quê. Sim, eu fui capaz. Sim, eu pude dizer que não estava bem, que não havia comido e que havia vomitado. Eu pude dizer para alguém. Pude confiar um segredo e então o segredo não ser mais segredo, mas relação. Olhando nos olhos, desviando o olhar de vez em quando, chorando depois, por saírem as borboletinhas do estômago. Mas dizendo, contando, confiando. Pedindo para olharem e dizerem "ei, estamos aqui. Você não está sozinha", "te amamos", "sabemos que pode conseguir". E posso. E sou. Sou mais do que penso que seja o ato de me alimentar, mais que as noites em claro, com fome. Mais que os pedidos silenciosos por socorro. Mais que tudo isso junto. Só preciso acreditar um pouquinho mais, me reconhecer um pouquinho mais. Como quando me olho no espelho e posso dizer que isso não é bonito e que eu não quero mais isso, que três refeições em um dia não são motivos para pânico, choro e desespero. Que o fato de acordar e ver que depois de quase 5 meses minha menstruação voltou, justamente depois do dia em que eu me olhei e disse "princesa, dá pra fazer isso, não dá? Você consegue, não consegue?". Sim, posso. Sim, consigo. SIM, SOBREVIVEREI A ISTO!

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