segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sentir de sentidor

Hoje me lembraram de que já escrevi coisas bonitas. Lembraram também que eu escolhi a profissão errada, mas deixemos essa segunda parte para lá, tudo bem?! E aí eu resolvi que talvez já fosse a hora de retomar a escrita do blog, porque acho que preciso tratá-lo com um pouco mais de carinho de agora em diante. Foram dias nebulosos, postagens muito ruins e tristes. Repletas de sentidos, mas vazias de histórias, sem propósitos - palavras soltas pela fala e só. Palavra é também poesia, e embora tristeza seja poesia, saudade também o é, felicidade também o é, amor também o é. E escrita de forma alguma pode ser vazia. Nem de sentimento, nem de intenção. Palavra é ação e por ser ativa toca pessoas, preenche páginas, invade corações, cria enredos, desperta emoções, sensações. Então hoje, escrevo só para escrever, escrevo só para ser, escrevo só para me lembrar também de quem sou. Para me sentir. Nem bonita demais, nem inteligente demais, nem interessante demais. Uma menina-mulher comum, e que em sua normalidade se mantém, sem chamar atenção, sem despertar paixão. Mas uma pessoa comum que tenta todo dia, ao acordar, ser um pouquinho melhor do que sabe ser, e talvez isto me dê um brilho diferente - nem mais dourado, nem acinzentado; mas de uma outra cor. Um brilho que, no entanto, também não traz muito encanto aos olhos de quem vê. Mas que toca de um jeito diferente a quem sente. Recordo Guimarães Rosa.... "Um sentir é do sentente, mas o outro é do sentidor", e quem me sente toca, sabe que se faz presente. Não com os dedos, nem com as palavras, muito menos com os ouvidos ou mesmo com o coração. Sente no sorriso aberto, no brilho do olhar, no encanto de existir mesmo sob turbulências, no toque de viver mesmo diante de incompreensões (ah, e são tantas!), nem sob paradoxos conformistas e críticos demais,  certezas desfeitas e incertezas frequentes, ou mesmo diante dos atropelos sentidos. Sigo sentente. Sigo. É suficiente.

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