quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sobre a efemeridade

A gente gostaria às vezes de ser uma cabeça de medusa para transformar em pedra uma imagem como aquela, e depois chamar as pessoas. As jovens levantaram-se, a linda cena ficou destruída; mas ao descerem por entre os penhascos, uma nova imagem se constituiu. Os mais belos quadros, os tons mais inflamados se agrupam e se dissolvem. Permanece apenas uma coisa: uma infinita beleza, que passa, de uma forma para outra, eternamente desfolhada, transmutada; nem sempre, porém, é possível fixá-la e expô-la em museus e transpô-lo em notas musicais e depois chamar gente moça e provecta, meninos e velhos para comentar a respeito e deixar-se encantar. É preciso amar a humanidade para penetrar na essência particular de cada criatura, nenhuma delas deve parecer a nenhum de nós demasiado pequena, demasiado feia, pois só então é possível compreendê-la.

- Georg Buchner, in Lenz. Os melhores contos de loucura, p. 29.

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