quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sobre terceiras ou décimas chances

Respirando muito fundo, olhando nos meus olhos na frente do espelho, eu me perguntei: podemos começar de novo?

Por quê? Só porque acho que mereço mais uma chance. Mas não sei se consigo.
Quando a gente sente que o mundo está caindo na nossa frente é porque deixamos de acreditar que tenhamos força suficiente para segurá-lo. Mas ninguém o segurará por nós.
Respirando mais fundo, hoje, eu tentei... Tentei me lembrar daquela menina que crescia feliz com a vida, com sua família, com seus amigos. E quando eu tento lembrar daquela menina sorridente que ia contente para a escola, que dançava, cantava, sem medo do que pensavam... Eu me dou uns socos em silêncio, porque sou uma idiota! Sou uma estúpida porque não percebi a tempo que o que dizia a ela era o que pensavam sobre ela, não o que ela era de fato, então se eram os outros, os outros não importavam. Não eram os outros que a seguraram quando deu seus primeiros passos, não foram os outros que comemoraram sua primeira vitória no jogo de basquete, não foram os outros que vibraram com seu bom desempenho no teatro. Não foram esses outros que seguraram e secaram suas lágrimas, suas mãos, que afagam seu cabelo e lhe tiraram sorrisos.

E mesmo agora, depois que cresceu, ela precisa estar confiante, precisa ser forte como não se imagina capaz de ser, precisa acreditar que ninguém precisa dar conta de tudo, que na realidade ninguém é capaz disto, mas que precisa se esforçar pra ser melhor consigo... Simplesmente porque merece isso.

Quando as coisas pioram, como têm sido estes últimos dias, parece ser o sinal de que o que há dentro de si não vai bem. É como se precisasse mostrar que está ferida por fora para acreditarem que está machucada por dentro. É seu grito em silêncio. Quando diz que não consegue lidar com aquilo que dói, com aquilo tudo de ruim que pensa sobre si... Não é capaz de expressar sua dor de forma "saudável", então se machuca, se humilha, para que doa mais isso que tem por fora do que está doendo por dentro. Ela não consegue acreditar, embora saiba, que é linda, por fora e por dentro.

Se não é capaz de olhar para uma menina de 8 anos e dizer que ela é horrível, por que vive dizendo isso agora? É justo dizer tanto a esta menina que não serve para nada até fazê-la acreditar que esta mentira seja verdade?

Não, não é justo.
E embora não seja nem um pouco justo, continua dizendo.

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