Saí para caminhar. Mãos nos bolsos. A garoa fininha, o vento cortante. É julho novamente. Ah! Como me faz bem o som do nada. Certas vezes, até me pego pensando em como seria esse som do nada. Qual a sua descrição...?!
Pensei em coisas antigas. A mistura do que pode e do que não pode-se ver. Sentimentos não mortos ainda; que precisam de um ritual para não caírem no esquecimento. Aquela mistura de dor e nostalgia.
É o som da eterna juventude; da graça do cabelo ao vento e da liberdade do pensamento. É a vida dando mil voltas e emergindo, inerte, à loucura do mundo.
Por quanto tempo passara eu a caminhar e a deixar o tempo livre a dilacerar meu passado?
Por que me pedes quem sou? Pergunte-me por o que procuro! E o que procuro? Procuro um sorriso doce, uma mente aberta e uma imensa vontade de caminhar, caminhar, caminhar... Eu procuro a doçura do seu jeito de rir. A meiguice dos seus olhos a me espreitarem discretamente. O meu constrangimento diante a pensamentos tão ousados. A minha vontade de que cada segundo não passasse, pelo tempo determinado à imortalidade de estar contigo.
Saí para caminhar. Mãos nos bolsos. Cabelo ao vento.
As vozes do meu coração imploram sua presença, seu toque. Sua forma única de sorrir delicadamente ao dizer que estou errada.
Foi no meu pequeno erro que perdi todo o mundo que já havia construído, e que, como um velho sobrado, gasto pelo tempo, perde o alicerce e cai. Cai até o fim.
Saí para caminhar. Mãos nos bolsos. Cabelo ao vento.
Perdi tudo... Mas não deixei de caminhar.
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