Supere isto. E se não puder, supere o vício de falar a respeito (Caio Fernando Abreu). ESCREVA.
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Marés
Olha, eu desintegrei a Terra. Não, não chamei por ninguém enquanto trazia pedras novas. Também não dissera que faria sozinha. Ah, não. Não vieram. Ninguém. Era eu e o tempo, era eu e a velha vida, era eu e. Olha, não olha. Ouve. Sei de tudo o que sei que não sei. Somos tudo o que não pensamos. Somos as sombras, os galhos, os troncos inteiros. Desintegrei a Terra, mas esqueci de desgalhar as árvores. As raízes ficaram. Trarás gotas de água, terás orvalho na primavera, neve no inverno? Serás aquilo que nasceu para ser, fazer, crescer? Não, não sei a quem olhas. Mas não segues-me no vento - ele falha; não gritas pelas sombras - elas se transformam; não confias nas marés - elas desaguam. Em outros mares. E por fim restamos eu e tu. Tu e eu, e tudo o que eu queria dizer.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário